domingo, 1 de junho de 2008

Hoje recebi flores...












Hoje recebi flores!...


Não é o meu aniversário ou nenhum outro dia especial; tivemos a nossa primeira discussão ontem à noite e ele me disse muitas coisas cruéis que me ofenderam de verdade. Mas sei que está arrependido e não as disse a sério, porque ele me enviou flores hoje. E não é o nosso aniversário ou nenhum outro dia especial.

Ontem ele atirou-me contra a parede e começou a asfixiar-me. Parecia um pesadelo, mas dos pesadelos acordamos e sabemos que não são reais. Hoje acordei cheia de dores e com golpes em todos lados. Mas eu sei que ele está arrependido, porque me enviou flores hoje. E não é Dia dos Namorados ou nenhum outro dia especial.

Ontem à noite bateu-me e ameaçou matar-me. Nem a maquiagem ou as mangas compridas poderiam ocultar os cortes e golpes que me ocasionou desta vez. Não pude ir ao emprego hoje porque não queria que percebessem. Mas eu sei que está arrependido porque ele me enviou flores hoje. E não era Dia das Mães ou nenhum outro dia especial.

Ontem à noite ele voltou a bater-me, mas desta vez foi muito pior. Se conseguir deixá-lo, o que é vou fazer? Como poderia eu sozinha manter os meus filhos? O que acontecerá se faltar o dinheiro? Tenho tanto medo dele! Mas dependo tanto dele que tenho medo de o deixar. Mas eu sei que está arrependido, porque ele me enviou flores hoje.

Hoje é um dia muito especial: É o dia do meu funeral. Ontem finalmente conseguiu matar-me. Bateu-me até eu morrer. Se ao menos eu tivesse tido a coragem e a força para o deixar... Se tivesse pedido ajuda profissional...
Hoje não teria recebido flores!
E há quem compreenda este amor bandido, este amor canalha?!

8 comentários:

  1. Exacto.

    Está tudo aqui.

    É-me impossível compreender a covardia e o "amor" disfuncional.

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  2. Eu já vi estas violências de todos os lados. Do lado feminino até à exaustão e à morte do facínora, pela espezinhada. Do lado masculino, o homicida a tentar com falas mansas e males psiquiátricos, justificar-se; do lado dos inocentes filhos para sempre irremediavelmnte perdidos entre a mãe morta e o pai na cadeia.
    E via, de todos os lados, também, quando a violência não chega a tanto.

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  3. Também vamos tendo notícias destas violências caseiras pelas escolas.
    Deprimente.

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  4. Nestes casos de insensibilidade e irracionalidade (paradoxal?) o ser humano diminui até à bestialidade.
    Também a sensibilidade, como a racionalidade, se educa. Mas a deseducação tem sempre como fim a bestificação do humano. E isto, sim, parece-me algo contra natura.

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  5. Tenho sempre uma enorme dificuldade ( pudor ?) em falar destes "temas fracturantes",da intimidade "do outro" ( na senda da questão dos tiques dos casais adoptantes, há tempos aqui lançada pelo Gui).São sempre misturas explosivas,as quais se põem a jeito para nós atearmos "rastilhos" subjectivos, casuísticos, de "umbiguinho" ( e eu caio na tentação de me perguntar o porquê da inércia dessas mulheres, durante anos e anos... )É a "grande confusão dos discursos".
    Como quer que seja e quando no domínio da intimidade, "uma pancada vem sempre carregada de um sentido de destruição".

    Bj.
    C. (EN)

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  6. E a propósito : onde andas, Gui?
    Repara que tudo o que é demais "enjoa" ( e lá se vai a sedução da vagabundice, que fácilmente resvala para a ....agem).

    Claro, que estou só a "cuscar"..

    Bj.
    C.(EN)

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  7. Bem, esta tendência para "duplicar"..
    Help,Maestro.!

    C. (EN)

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  8. Descansa, C.
    Era bom existir um clone de ti.
    Já tratei de te tornar una e uma...
    Bj

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