quinta-feira, 27 de março de 2008

Tempestade


A tempestade fizera-se anunciar
ao nascer da noite
num inusitado céu estrelado.
Choveu dolorosamente até amanhecer.
A argila vermelha das arribas escarpadas
esvaíra-se toda a noite, como sangue.
O mar avançou para elas e lambeu suas feridas.
Pela manhã
o mar andava enroupado de areia
num tom azul dourado.
As ondas emergiam ao longe em quadrigas,
a espuma branca pegava-se às rodadas,
e corriam esbaforidas e sem pudor para o corpo da areia.
Fazia-se ouvir uma melodia em sol maior
louvando um amor selvagem.
As ondas orgásmicas explodiam na areia
em flocos de neve.
Quando o mar recuava,
deixando espuma e búzios depositados na areia,
outras quadrigas competiam
em novas e várias lonjuras para chegarem à praia.
Mais tarde,
o mar saciou sua luxúria.
Suas ondas pintaram-se de azul esplendor.
E ficaram prateadas e pequeninas a secar ao sol.

3 comentários:

  1. O mar é assim ... sempre especial... até a manifestar a sua fúria ele me acalma!
    Gostei muito do escrito!
    Obrigada por estarem aqui...
    Eu

    ResponderEliminar
  2. Do mar poderia falar sem parar.
    Não digo mais nada, pois a mensagem e o comentário do "EU" (cada vez mais imprescindível) dizem mais que suficiente.

    ResponderEliminar