sábado, 9 de agosto de 2008

Um dia.


Um dia, mortos, gastos, voltaremos
A viver livres como os animais
E mesmo tão cansados floriremos
irmãos vivos do mar e dos pinhais.

O vento levará os mil cansaços
Dos gestos agitados, irreais,
E há-de voltar aos nossos membros lassos
A leve rapidez dos animais.

Só então poderemos caminhar
Através do mistério que se embala
No verde dos pinhais, na voz do mar,
E em nós germinará a sua fala.

Sophia de Mello Breyner Andresen, in Dia do Mar.

2 comentários:

  1. Creio que a seguinte citação, de Roberto Freire, espelha a Passiflora:

    "Penso com os olhos e com os ouvidos e com as mãos e os pés e com o nariz e a boca."

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  2. Bem... que dizer-lhe Elsa, é possível. Se eu puder enteder isso, como sendo uma pessoa que usa todos esses "instrumentos" como canais que conduzem ao pensamento. Eu afirmo, é verdade.
    Eu nunca desperdiço nenhuma informação, venha ela de que "sentido" vier, mesmo da pele.
    E quando eu escrevo um texto, eu espero que todo o meu corpo o sinta.
    E quando escolho uma fotografia, a mesma coisa. E quando eu trabalho eu coloco-me toda nessa tarefa, só assim posso implicar em tudo a dimensão da minha alma.
    Mas vivo quase permanentemente exausta!!!

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