Tenho dificuldade em falar hoje dela.
Temia este dia há anos.
Amava esta actriz antes do fenómeno Harry Potter e muito antes da superlativa DOWNTON ABBEY.
Há
anos que a via como uma dos cinco expoentes máximos da arte da representação no Mundo.
A sua virtuosidade, os seus maneirismos britânicos aristocráticos (mesmo fazendo THE LADY IN THE VAN), a sua fleuma de actriz sempre me encantaram.
Desde OTHELLO a GOSFORD PARK (já o vi 35 vezes), passando por Um Apartamento na Califórnia até ao filme que lhe deu o OSCAR de Melhor Actriz principal em 1969, fazendo de JEAN BRODIE, uma mulher à frente do seu tempo, entre Primaveras e Utopias.
Na televisão, ela ganhou um Emmy em 2003 por Minha Casa na Úmbria, tornando-se uma das poucas actrizes a ter alcançado a Tríplice Coroa de Representação (OSCAR, TONY e EMMY) e estrelou como Lady Violet Crawley, Condessa viúva de Grantham, em Downton Abbey (2010-2015), pelo qual ela ganhou três Emmys, um SAG de melhor atriz em série de drama e seu terceiro Globo de Ouro.
Impagável o seu papel (e aquelas deixas que ainda hoje repito de cor) na trama de Julian Fellowes.
Maggie nasceu em Ilford, cidade a leste de Londres, em 1934.
A sua mãe, Margaret Hutton (1896–1977), era escocesa e foi secretária em Glasgow, enquanto seu pai, Nathaniel Smith, era de Newcastle upon Tyne e foi patologista da Universidade de Oxford.
Maggie tinha dois irmãos gémeos mais velhos, Alistair (que morreu em 1981) e Ian, que é arquitecto.
Esta LADY (Já Dame para o Reino de Sua Majestade) estudou na Oxford High School até aos 16 anos, tendo depois ido estudar Teatro na Oxford Playhouse.
E fez história no Reino Unido.
Vejam a sua respresentação na peça LETTICE AND LOVAGE.
Ou em BRUSCAMENTE NO VERÃO PASSADO, a fazer-me esquecer Miss Katherine Hepburn do filme de Hollywood...
Ou a sua solene ortodoxia em QUARTO COM VISTA SOBRE A CIDADE, ao lado de outra actriz em estado de graça, Helena Bonham Carter (esta também no meu TOP 10).
Estava a filmar.
Ignoro se concluiu o filme.
De uma peça em que fez sucesso há dois anos, em plena pandemia.
A German Life, retratando os últimos dias de vida da secretária do Nazi Joseph Goebbels, Brunhilde Pomsel.
Dizem que partiu em paz entre família.
Deixou um mundo inteiro ansiando pela sua vida eterna.
Eu me manterei fiel a ela, revendo vezes sem conta as suas preciosas actuações em Cinema ou na TV, vendo na net as suas peças (já vi 15...), rezando para que a sua memória nunca desapareça dos anais dos GRANDES, daqueles que da lei da morte se vão libertando, pois é a arte que nos salva da realidade...