quarta-feira, 2 de novembro de 2016

Meu pai






E se...
ele não tivesse perdido o espanto na voz,
se não me lançasse escolhos nos olhos perdidos no espaço?
E se o autor dos meus dias, afinal, gritasse as minhas noites como se fossem setas enlaçadas pelo farol mais luminoso do povoado?
E se eu não demorasse tanto a sentir a sua falta,
como se as hienas me enfeitiçassem, sem aviso e com uma marca de água tão feliz, mais do que feliz?
E se ele me desse a mão e eu lhe tocasse a alma sem querer,
perto do campanário da minha eterna tristeza de o ver assim tão longe, de tão perto que me toque...
E se ele nunca acabasse de fazer primaveras?
Eu nunca quereria acabar este livro de poemas…
(...)

Partiu para a Eternidade a 27.10.2016
Boa viagem, meu herói...