segunda-feira, 4 de novembro de 2013

50

50
(1963-2013)

Hoje apeteceu-me um pedaço de estrofe,
um naco de poema vadio,
uma fatia de romance de erva-doce ou de cordel.
Quero-me sensato, inquieto, imprevisível,
desassossegado na minha habitual pacatez,
metafórico,
feito daquelas águas claras
que irrompem das minhas almas,
sem aviso,
sem surpresa.
Leiam-me,
decifrem-me,
soletrem-me.
E ensinem-me as mágoas das flores,
perto das magnólias
que florescem antes de dar folha.
Não me atirem correntes
mas antes gotas de chuva.
Quero a mansidão das manhãs de Outono,
a fúria dos escorpiões,
os risos surdos de Charlot,
O nariz ímpio da Streisand
A voz sem nome da Dulce,
as garças do teu sorriso, Constança.

Obrigado por estares aí.
Obrigado por estarem aí...

Paulo Guerra – 3.11.2013