segunda-feira, 31 de maio de 2010

Satélite



O meu satélite gostou...
A Eurovisão é repetitiva.
Por isso, esta cançoneta lembra Bjork
E é suficientemente transgressora para os cânones mais ortodoxos...
Só é pena vir da Germania...

Easy Rider is dead

DENNIS HOPPER (1936-2010)

É um pouco da história de Hollywood que desaparece com a morte de Dennis Hopper.

Ainda hoje recordado por "Easy Rider", um dos filmes-chave da “nova Hollywood” que abanou os alicerces do sistema dos grandes estúdios, Hopper foi contudo também o fotógrafo alucinado do "Apocalypse Now" de Coppola ou, sobretudo, o vilão psicótico de "Veludo Azul", depois de ter sido actor nos anos de 1950 na televisão e em filmes como "Fúria de Viver" e "Duelo de Fogo".
Mas a verdade é que este ícone da contra-cultura psicadélica dos anos 1960 e 1970, vilão “de serviço” a êxitos como "Speed" ou "Waterworld", não tinha muito a ver com essa imagem de rebeldia.
O verdadeiro Dennis Hopper estava muito mais próximo do artista nova-iorquino que interpretou em "Elegia" (2008) de Isabel Coixet, ou do seu general na série televisiva "E-Ring – Centro de Comando".
Pintor, escultor e poeta, simpatizante do Partido Republicano (para cujas campanhas eleitorais contribuiu repetidamente, embora nas últimas eleições tenha apoiado Barack Obama para Presidente), Dennis Hopper foi fotógrafo aclamado, documentando a Hollywood cujas conturbadas transformações acompanhou ao longo de quase 60 anos de carreira.
E foi também coleccionador de arte, proprietário de originais de Andy Warhol, Jasper Johns, Roy Lichtenstein ou Jean-Michel Basquiat (curiosamente, Hopper faria parte do elenco da biografia de Basquiat rodada em 1996 pelo artista Julian Schnabel).
Era, aliás, para uma carreira artística que Hopper, nascido em Dodge City em 1936, parecia fadado.
Mas, “mordido” no liceu pelo “bichinho” da representação, estudou no lendário Actor’s Studio, e estreou-se como actor em 1955; na televisão, alinhando em todas as grandes séries da época, e no cinema com um contrato com a Warner Bros., iniciado com um papel secundário no lendário "Fúria de Viver" (1955), de Nicholas Ray, onde se travou de amizade com James Dean. A sua guerra surda com o veterano Henry Hathaway nas rodagens de "O Homem que Não Queria Matar" (1958), contudo, pô-lo na “lista negra” dos estúdios, levando-o a regressar à fotografia como actividade principal.
O que salvou Hopper foi a contra-cultura psicadélica da Costa Oeste e o seu encontro com dois outros actores emergentes, Peter Fonda e Jack Nicholson.
O resultado foi a sua estreia na realização, "Easy Rider" (1969) — road movie de um novo tipo, onde dois hippies motociclistas (Fonda e Hopper) atravessavam as paisagens míticas dos EUA e encontravam o oposto do “sonho americano”.
Influenciado por cineastas experimentais como Bruce Conners e filmado independentemente por 400 mil dólares, "Easy Rider" tornou-se num fenómeno estético e cultural gigantesco (e global, vencendo o prémio de Melhor Primeira Obra em Cannes). Juntamente com o êxito de "Bonnie and Clyde" (1967), de Arthur Penn, o filme abriu as portas à “nova Hollywood” - a geração de cineastas que, encabeçada por Martin Scorsese, Francis Ford Coppola, Peter Bogdanovich ou William Friedkin, tomaria de assalto a “Meca do Cinema” nos anos seguintes.
Mas o desastre crítico e comercial do seu segundo filme, "The Last Movie" (1971), cuja rodagem turbulenta no Peru foi acompanhada por um prodigioso consumo de álcool e drogas, tornou-se numa antevisão do que aconteceria a essa geração de cineastas, literalmente intoxicados pelo poder.
“Queimado” em Hollywood, Hopper passou os anos 1970 a alinhar papéis de subsistência em filmes de baixo orçamento, com participações em "O Amigo Americano" (1976), de Wim Wenders, ou "Apocalypse Now" (1979), de Coppola, a mostrarem que o seu talento andava a ser subaproveitado.
A verdadeira reabilitação viria depois da sua desintoxicação, quando insistiu com David Lynch para que o deixasse interpretar o psicótico Frank Booth em "Veludo Azul" (1986) — porque, segundo reza a história, Hopper teria dito a Lynch que “eu sou o Frank Booth”, numa referência velada às suas vivências extremas dos anos 1960 e 1970.
A força da sua interpretação, combinada com a nomeação nesse mesmo ano para o Oscar de melhor actor secundário no filme "A Raiva de Vencer" de David Anspaugh, ressuscitou-o para Hollywood. Permitiu-lhe regressar à realização (com "Los Angeles a Ferro e Fogo", de 1988, "Testemunha Involuntária" e "Ardente Sedução", ambos de 1990, e "Guardas Prisionais", 1994) e filmar com gente tão díspar como Alex Cox, Tony Scott, John Dahl, Abel Ferrara, Allison MacLean, Ron Howard, George A. Romero ou Wim Wenders.
A sua última prestação como actor ocorreu na comédia de Linda Yellen "The Last Film Festival", ainda inédita.
Hospitalizado de urgência em Setembro de 2009, foi diagnosticado com cancro da próstata em estado avançado, e fez a sua última aparição em público a 26 de Março último, quando da colocação da sua estrela no Hollywood Walk of Fame, o célebre “Passeio das Estrelas”.
Dennis Lee Hooper morreu em sua casa em Los Angeles na manhã de 29 de Maio de 2010, aos 74 anos de idade. Casado por cinco vezes, deixa quatro filhos e dois netos.

Paz à sua pressa de viver...

A torre do Rio








A Torre das Olimpíadas de 2016...Rio de Janeiro!!!!...

Metafísica(s)


Num curso universitário de filosofia, foi proposto o seguinte trabalho:
Aborde, da forma mais concisa possível, os três temas seguintes:
1 - Religião
2 - Sexualidade
3 - Mistério


O texto classificado com 20 valores foi o seguinte:
"Meu Deus, estou grávida! Mas quem será o pai?"

Crise? Qual crise?


http://www.youtube.com/watch_popup?v=m2B7RWJY--A

E não se pode exterminá-los?
Em nome da soberania popular?

Amner não acredita em lágrimas



Torres Vedras: Rapaz de 14 anos enforcou-se no guarda-fatos
Suicídio deixa escola em choque


O suicídio de Amner Keller, de 14 anos, na noite de domingo, deixou em choque os alunos da EB 2,3 de Freiria, Torres Vedras. Os 700 alunos da escola juntaram-se ontem de mãos dadas no recreio e cumpriram um minuto de silêncio. No site da escola, um poema de homenagem, começava assim: "O meu amigo era engraçado/ Nunca andava magoado, mas sim animado".
O rapaz de origem brasileira enforcou-se com um cachecol no guarda-fatos do seu quarto, numa moradia em Escaravilheira, onde vivia com o pai, a madrasta e três irmãs. Os colegas do 6º F dizem que estava de castigo no quarto até final do ano lectivo, sem telemóvel e computador, depois de ter tido negativa a Inglês.
Na escola, todos destacaram as suas qualidades. "Era um miúdo alegre, meiguinho", disse ao CM uma funcionária. O director Jorge Baptista descreve-o como "um miúdo acarinhado por todos e sem problemas disciplinares".

A recuperar está a criança de Guimarães que também tentou o suicídio.




À vossa consideração...

Primeiro dão-lhes tudo. Deixam criar o hábito da solidão nos jogos e no computador.
Depois é fácil - castigam tirando o que deram. E não medem a dor da privação e o aumento da solidão.


Foto:
Do vencedor da última Palma de Ouro do Festival de Cannes - «UNCLE BOONMEE WHO CAN RECALL HIS PAST LIVES», do tailandês Apichatpong Weerasethakul.
O "tio" Boonmee do título refere-se ao protagonista que recebe, nas suas últimas horas de vida, as visitas fantasmagóricas da mulher e filho há muito falecidos. Mas o mais bizarro é que esses espíritos, potencialmente familiares para ele, adoptam a forma de animais...

sábado, 29 de maio de 2010

provavelmente...


"Lembremos só que nos limites de cada um começa, provavelmente, o infinito."

Agustina Bessa Luís
Dicionário Imperfeito, pag. 106

sexta-feira, 28 de maio de 2010

Isto não merece foto

Existe uma Dama de apelido Pegado que representa todas a boas e católicas familias deste país.
Está em todas desde que seja bradar contra tudo o que não seja o que ela ama e tolera. Entre ela e o chefe da Al Queda, só há um degrau....a violência fisica. Quanto ao resto está lá tudo. A intolerância, o extremismo, a cegueira religiosa, o rancor....principalmente o rancor...o que mais adoro nesta gente é o rancor que nutrem pelos outros que não pensam e vivem como eles....é sublime na ignominia...
Islamismo, Cristianismo...como cristão, tenho horror desta gente e peço a Deus que lhes perdoe pelo tempo que perdem a instingar ódio entre humanos, em vez de se ocuparem a ligar toda a gente, seja qual for a sua maneira de viver...será muito para estas almas tão limitadas no "querer"? vou pedir a Deus que lhes dê, tão só, tolerância...haverá algo mais humano ?

quinta-feira, 27 de maio de 2010

O bafo criador (num botão de agapanto)


«O criador é uma espécie de monstro em que há o homem e o outro; quem desanima, quem se abate, quem chora, é o homem; o outro, se é grande, até os desesperos utiliza.
O essencial é que nunca o homem traia o artista, que a troco de uma felicidade que tanta gente tem se perca a obra que ninguém mais poderia realizar»


Agostinho da Silva


("Sete cartas a um Jovem Filósofo")

quarta-feira, 26 de maio de 2010

Com a vossa licença


Coincidentemente, dois juízes encontram-se no corredor do acesso a um motel e, constrangidos, reparam que cada um estava com a mulher do outro.

Após alguns instantes de silêncios e de 'saia justa' mas, mantendo-se a compostura própria de magistrados, em tom solene e respeitoso um diz ao outro:
- Nobre colega, e não obstante este fortuito imprevisível, sugiro que desconsideremos o ocorrido, crendo eu que o CORRECTO seria que a minha mulher venha comigo, no meu carro, e a sua mulher volte com Vossa Excelência no seu.

Ao que o outro respondeu:

- Concordo plenamente, nobre colega, que isso seria o CORRECTO, sim... no entanto, não seria JUSTO, levando-se em consideração que...
vocês estão saindo... e nós estamos entrando...

domingo, 23 de maio de 2010

Malvas rosas do meu natal


Quando, distraídos, os meus olhos encontram sardinheiras
Relembro vasos de lata e janelas com floreiras
E as mãos ternas das avós perdidas
Que as regavam – ainda as regam - com os mesmos cuidados e afectos
Com que ralhavam aos netos.
…Vidas que não sei contar …
Por isso as colho, sem as cortar.
Algures há outros netos com saudade no olhar…


(MAP)

sábado, 22 de maio de 2010

Que católicas que somos

Ora aqui está uma forma de intervenção que, hellas, serve para dar conta da existência destas senhoras e de muitos outros "mui católicos" que o PS, mercê do Sir Guterres, abrangeu nas suas hostes e, mais que todos, ajudam a piorar os nossos dias.
E se estas damas fossem fazer o que realmente sabem ?
Qualquer dia também estão nas portas da Clínica dos Arcos e exercer coacção moral, já nem digo física, sobre as desgraçadas que vão lá abortar, para que mantenham o feto e Deus saberá de todos.
Os feriados? inclusive feriados religiosos ? como o Corpo de Deus? anda mesmo tudo tonto e com vontade de parecer responsável.
Bem haja para elas. Amén






Austeridade no calendário

A prova de vida parlamentar das deputadas Teresa Venda e Rosário Carneiro vem ao encontro de "l'air du temps" e avança com mais uma medida de austeridade: cortar nos feriados, eliminando quatro (Corpo de Deus, Dia de Todos os Santos, 5 de Outubro e 1.º de Dezembro) e acrescentando um (o "Dia da Família") de modo a obter mais três dias de trabalho por ano, o que, ninguém duvida, contribuiria decisivamente para a resolução dos problemas do país, mesmo faltando à gregoriana proposta o golpe de asa bastante para arranjar trabalho nesses dias aos 730 000 portugueses desempregados.
E, já que o Governo suspendeu a terceira ponte (a ponte suspensa) sobre o Tejo, as deputadas propõem que se acabe também com as pontes do calendário, transferindo o 25 de Abril , o 1.º de Maio, o 15 de Agosto e o 8 de Dezembro para segundas ou sextas-feiras e passando a terça-feira de Carnaval a ser, conforme os anos, a "segunda-feira de Carnaval" ou a "sexta-feira de Carnaval".
Comemorar o 25 de Abril a 24 de Abril (e porque não o 1.º de Maio em 28 de Maio?) é, além do mais, uma ideia capaz decerto de render muitos votos.

quarta-feira, 19 de maio de 2010

Para o Mário, com uma flor...


Ao ver escoar-se a vida humanamente
Em suas águas certas, eu hesito,
E detenho-me às vezes na torrente
Das coisas geniais em que medito.

Afronta-me um desejo de fugir
Ao mistério que é meu e me seduz.
Mas logo me triunfo, A sua luz
Não há muitos que a saibam reflectir.

A minh’alma nostálgica de além
Cheia de orgulho, ensombra-me entretanto,
Aos meus olhos ungidos sobre um pranto
Que tenho a força de sumir também.

Porque eu reajo. A vida, a natureza,
Que são para o artista? Coisa alguma.
O que devemos é saltar na bruma,
Correr no azul à busca da beleza.

È subir, é subir além dos céus
Que as nossas almas só acumularam,
E prostrados rezar, em sonho, ao Deus
Que as nossas mãos de auréola lá douraram.

É partir sem temor contra a montanha
Cingidos de quimera e de irreal;
Brandir a espada fulva e medieval,
A cada hora acastelando em Espanha.

È suscitar cores endoidecidas,
Ser garra imperial enclavinhada,
E numa extrema-unção de alma ampliada,
Viajar outros sentidos, outras vidas.

Ser coluna de fumo, astro perdido.
Forçar os turbilhões aladamente,
Ser ramo de palmeira, água nascente
E arco de oiro e chama distendido…

Asa longínqua a sacudir loucura,
Nuvem precoce de subtil vapor,
Ânsia revolta de mistério e olor,
Sombra vertigem, ascensão – Altura!

Eu dou-me todo neste fim de tarde
À espira aérea que me eleva os cumes.
Doido de esfinges o horizonte arde,
Mas fico ileso entre clarões e gumes!...

Miragem roxa de nimbado encanto –
Sinto os meus olhos a volver-se em espaço!
Alastro, venço, chego e ultrapasso;
Sou labirinto, sou licorne e acanto.

Sei a distância, compreendo o Ar;
Sou chuva de oiro e sou espasmo de luz;
Sou taça de cristal lançada ao mar,
Diadema e timbre, elmo real e cruz…

(…)

O bando das quimeras longe assoma…
Que apoteose imensa pelos céus!
A cor já não é cor – é som e aroma!
Vêm-me saudades de ter sido Deus…

Ao triunfo maior, avante pois!
O meu destino é outro – é alto e é raro.
Unicamente custa muito caro:
A tristeza de nunca sermos dois…

Mário de Sá Carneiro
(Do Livro “Dispersão”)
No seu natal de há 120 anos
(Foto: MAP)

terça-feira, 18 de maio de 2010




orar é
reconfortante...
a voz dela reza

segunda-feira, 17 de maio de 2010

Na mesma história



E, agora, recordando o melhor da MAGNÓLIA, fica aqui este LA MÊME HISTOIRE dos Feist.
É da película PARIS JE T'AIME.
Para mim, um dos melhores finais da história do Cinema.
Aqui fica este reservatório de saudade.
Para vós...

Gaivota minha, porque não te perdeste?

Katie era uma rapariga doce,

rebelde e ousada.

calou o meu primeiro frémito de paixão

e cedo me encomendou às asas do vento

Quando nos deixou,

ficaram-me legadas as suas cinzas.

Lancei-as num dia de maré cheia

no mar entrecruzado da minha infãncia

e da minha mais rouca maçã-de-adão,

tão verde, tão dela...

E quando a cinza voou,

tomou conta dela uma alva gaivota,

serena, marcada, viva,

transformando-se Katie nessa ave do meu estandarte,

nessa peça da minha vida,

nesse eterno voo de fénix...

Nunca me morras, Katie!

Ladies in lavender



Um dos excertos que mais êxito fez aqui na MAGNÓLIA há quase dois anos.
É do filme LADIES IN LAVENDER com estas duas actrizes superlativas - Maggie Smith e Judi Dench.
E o violino é de Joshua Bell.
E parece que fala...

Dedico este post à R.T..

Queres o meu perdão?



LANTANA é o filme.
Acaba assim. Com Célia Cruz.
De antologia.
Já cá o coloquei há anos.
Mas volto a ele.
Porque é um dos melhores exemplos de redenção em cinema...

Canção de Salomão




"Let him kiss me with the kisses of his mouth.
For thy love is better than wine.
His fruit was sweet to my taste.
His left hand is under my head,
and his right hand doth embrace me.
Behold, thou art fair, my love.
Behold, thou art fair.
Thy lips are like a thread of scarlet.
Thine eyes are as doves behind the veil.
And comely is thy mouth.
Thy two breasts are like fawns feeding among the lilies.
Thy navel is like a round goblet...
wherein no mingled wine is wanting.
Thy belly is like a heap of wheat,
set about with lilies.
Let thy breasts be as clusters on the vine.
And thy mouth like the best wine.
Open to me my dove,
for my head is filled with the drops of the night.
Come, my beloved,
let us see if the vine flourishes...
and the tender grapes appear...
and the pomegranates bud forth."

"Hold me tight
I'll tell you it all
Through the night
Till the break of dawn.
Close your eyes
I mean you no harm
Through the night
Till the break of dawn."

Isto está escrito na BIBLIA.

PEDRO é rocha. E a nudez não será castigada...

fantasia



Fantasia Barrino - uma voz de outro mundo...



Cada dia que passa,
fica a Terra mais fraca,
fica o AMOR mais forte?

domingo, 16 de maio de 2010

NUvem - o outro lado do abraço nu





A bailarina fez o último plié
e saltou para o dorso do anjo azul que lhe cortou o caminho...
E atrás deles, como um exército de sombra e de fluídos, viu surgiu uma paleta de nudez, ofertada em corpos errados, machos e fêmeas, que lhe completarem o bailado e fizeram a plateia irromper em aplausos.
A cena estava completa.
O palco não cabia em si de contente, pleno de purpurina, algodão, penas e penugens.
O músico morria descansado.
Os corpos partiram para a festa.
Ufanos, concâvos e convexos, côncavos e côncavos, convexos e convexos,
que nisto da arte não há norma nem regra...
Uma noite mais tarde, a bailarina despiu o pó de talco,
o anjo arrumou as asas
e a multidão encheu o copo de sol,
à espera do próximo espectáculo,
sem sossegos ou apertos,
sem lágrimas ou suspiros,
apenas com o laço branco da lua,
enfeitada em murais de trigo louco, em amoras de loiro trago...
Ela reviu-se nele,
ele sentiu-se ela
e os outros tornaram-se as sete notas da escala musical,
um sol nado de sexo confuso...
O abraço é nu?
Claro que sim.
Sempre despido de roupa,
o abraço é mais forte quando é mais toque, quando é mais carne...
E a bailarina caiu em si
e arrumou a «Giselle»
no canto mais negro do anjo triste.
Até sempre...

abraço nu


É preciso um abraço
Forte, bem forte,
Mas que não tenha
Uma couraça ao meio.
Um autêntico abraço:
Abraço nu!

Deixai de ser
Como as casas fechadas,
Onde não entra o vento
Mas também não o sol em riso de oiro.

O que importa é o mar.
Só indo nus, os braços dão nas ondas
(Ondas bendidtas de segredo eterno).
E, se vierem tubarões,
Então...
Seja vossa couraça a vossa alma.

O mar e as águias
Poesias de António Cabral

sexta-feira, 14 de maio de 2010

PRIVATIZE-SE A NUVEM. PIM


«Privatize-se tudo, privatize-se o mar e o céu, privatize-se a água e o ar, privatize-se a justiça e a lei, privatize-se a nuvem que passa, privatize-se o sonho, sobretudo se for diurno e de olhos abertos. E finalmente, para florão e remate de tanto privatizar, privatizem-se os Estados, entregue-se por uma vez a exploração deles a empresas privadas, mediante concurso internacional. Aí se encontra a salvação do mundo... e, já agora, privatize-se também a puta que os pariu a todos.»

José Saramago - Cadernos de Lanzarote - Diário III - pag. 148

Espanto


MAP colocou legenda:

E se não fosse como imaginamos que é, que mais arestas teria esta vida?

Que mais arestas teria a vida se não fosse plana e curva como o tamanho dos nossos dias e a largura das nossas esperanças, como fresta de ar num cubo que tudo muda, para nosso próprio espanto?


Foto de MAP (vão-se habituando a este nosso nosso colaborador gráfico)

Pleno


Tudo o que satisfaz é pleno.
Venha o mar ajudar...esse mar tão pleno, tão cheio, tão total, tão tudo.

quarta-feira, 12 de maio de 2010

Caixa de lamentações





Por favor diz-me onde te dói...
(aceitam-se respostas em comentários)

XVI


Dou-vos um poema a horas mortas
Para que o mote vos entenda:
Entre sílabas e versos incontidos na métrica geométrica do Tempo
Rateio o sonho e a vigília que me há-de trazer novas da grande Cidade
E sossego os temporais que no seu telúrico chilrear
Fazem-nos acreditar que ainda há redenção.


Dou-vos um Filho a horas tardias:
um homem, de vestes brancas, das minas negras do Vístula
E só vos peço que o deixeis sobreviver:
para isso, só há que saber ler o seu sorriso, saber entender as suas dores.


E, sobretudo, que ele nunca deixe de rimar...

(escrevi isto há uns anos dedicado ao Papa do Povo, meu amado João Paulo II.
Recordo nele o seu sucessor, entre nós agora, com um lindo sorriso que ainda não lhe conhecia...)

E Viva o Papa, que nunca diz nada por acaso.

terça-feira, 11 de maio de 2010

As sandálias do pescador

Hoje, no Terreiro do Paço, perto do Cais das Colinas, eu vi uma pomba voar.
Porque Ele estava ali...

Dedico este post à P.S.F. que a tudo assistiu e que me ia dando conta do ocorrido para lá das imagens da televisão...

Crise? Qual crise?


Eça de Queirós, em 1872, escreveu n'As Farpas:

"Nós estamos num estado comparável sómente à Grécia: mesma pobreza, mesma indignidade política, mesma trapalhada económica, mesmo abaixamento de caracteres, mesma decadência de espírito. Nos livros estrangeiros, nas revistas quando se fala num país caótico e que pela sua decadência progressiva, poderá ...vir a ser riscado do mapa da Europa, citam-se a par, a Grécia e Portugal".



Mudam-se os tempos mas não se mudam as modas...

Não gosto


Não, não vai ser hoje que vou começar a lista (outra vez, após uns anos).
Mas, quando voltar a publicar a lista do que "Não Gosto", acho que vou começar por este moço que, Valha-lhe Deus, é um tonto em forma de jornalista competente. Só se vê esta alma a fazer reportagenzinhas de "pink magazine" e sempre com um ar de quem está a atravessar o Equador da genialidade. É espantoso. Aliás, até admiro quem consegue ser assim.
Para além desta alma, lembrei-me da estrábica Rita Pereira (ou como diria a minha avózinha, visgarolha) que, agora, sopra uma corneta laranja na televisão a chamar, não a música, mas o povo, para apoiar a selecção porque "nós somos capazes". Eu acho que esta gente entendeu mal o Obama e o "yes we can". Andam todos tontos e patéticos. Rídiculos, mesmo.

segunda-feira, 10 de maio de 2010

A importância de se chamar Vírgula


Vírgula pode ser uma pausa... ou não.
Não, espere.
Não espere.

Ela pode fugir com o seu dinheiro.
23,4.
2,34.

Pode criar heróis.
Isso só, ele resolve.
Isso só ele resolve.

Ela pode ser a solução.
Vamos perder, nada foi resolvido.
Vamos perder nada, foi resolvido.

A vírgula muda uma opinião.
Não queremos saber.
Não, queremos saber.

A vírgula pode condenar ou salvar.
Não tenha clemência!
Não, tenha clemência!

Uma vírgula muda tudo.

domingo, 9 de maio de 2010

O cortejo da Queima













Tem sido bonita a festa, pá!




O salteador da rua perdida

Elegia (ao MAP)

Quem fotografou a alma deste jarro foi um juiz que eu respeito.
Chama-se Manuel Aguiar Pereira e deu o seu coração pela «nossa» Casa.
Para que conste...
Está bem, recomenda-se e continua a fotografar...

sexta-feira, 7 de maio de 2010

Cesar


Um aperto no peito, um aperto na alma.

Uma saudade, Uma certeza.

Até já.

G.

Está bem...




Vou ali e já venho....


E as falésias continuam a cair, mesmo que estes imbecis vão para lá fazer pseudo-arte e tentar enganar a natureza...melhor seria porem umas cuecas (pelo menos) e poupavam-nos a este triste quadro. (claro que a foto nada tem a ver com o comentário). A praia Maria Luisa agradecia que os suicidas das falesias estivessem com fatos de banho e não nessa ardida mensagem de tontos.


Apesar das biópsias e exames, estou de saúde e para mais um tempo. Para horror de muitos, para alegria de alguns...os que interessam. Beijos. Gui

quarta-feira, 5 de maio de 2010

uma flor no caminho


abriga-te no guarda-tristeza
de alguém

como quem se protege do
inverno

pede-lhe uma palavra
que te desloque o peso
da saudade

e volta à tua viagem
certo de teres encontrado
uma flor no caminho


Daniel Gonçalves
rumores
para a transparência do silêncio

segunda-feira, 3 de maio de 2010

Sem som (mas não à prova de bala)