domingo, 16 de maio de 2010

NUvem - o outro lado do abraço nu





A bailarina fez o último plié
e saltou para o dorso do anjo azul que lhe cortou o caminho...
E atrás deles, como um exército de sombra e de fluídos, viu surgiu uma paleta de nudez, ofertada em corpos errados, machos e fêmeas, que lhe completarem o bailado e fizeram a plateia irromper em aplausos.
A cena estava completa.
O palco não cabia em si de contente, pleno de purpurina, algodão, penas e penugens.
O músico morria descansado.
Os corpos partiram para a festa.
Ufanos, concâvos e convexos, côncavos e côncavos, convexos e convexos,
que nisto da arte não há norma nem regra...
Uma noite mais tarde, a bailarina despiu o pó de talco,
o anjo arrumou as asas
e a multidão encheu o copo de sol,
à espera do próximo espectáculo,
sem sossegos ou apertos,
sem lágrimas ou suspiros,
apenas com o laço branco da lua,
enfeitada em murais de trigo louco, em amoras de loiro trago...
Ela reviu-se nele,
ele sentiu-se ela
e os outros tornaram-se as sete notas da escala musical,
um sol nado de sexo confuso...
O abraço é nu?
Claro que sim.
Sempre despido de roupa,
o abraço é mais forte quando é mais toque, quando é mais carne...
E a bailarina caiu em si
e arrumou a «Giselle»
no canto mais negro do anjo triste.
Até sempre...

2 comentários:

Anónimo disse...

Se ergue altiva a bailarina
em passos suaves e elegantes
parece ave de rapina!
Expressa com o corpo a paixão dos amantes.
Se pudesse voar ,certamente
alcançaria as nuvens
na amplidão do Céu.

P ., por favor, vá ao Nu da Passiflora ver uma coisa que lá deixei .
Tenho nome de Flor.

Anónimo disse...

Aconselho Ballet for Life do coreografo Béjart, música de Fred Mercury e Mozart, dois gigantes das artes...se calhar foi ver....Tão bonito. AL