Hoje não me apetece falar em cinema.
Nem no tempo.
Nem nas palavras.
Quero indignar-me neste fim de dia 28, início do dia que só vivemos de 4 em 4 anos.
É que hoje vivi uma via-sacra
pois assisti, in loco, à loucura institucionalizada em meio hospitalar.
Ente querido teve de recorrer a um serviço de Urgências deste país.
O que vi durante as 11 horas que ele esteve aí retido é kafkiano.
Protestei. Fui olhado de lado.
Um silêncio estranho e conformado invadia aquelas mentes cansadas de tanto esperar.
Uma alma disse-me que precisavam deles - dos médicos.
E por isso se calava.
Pois.
E assim se vai vivendo à espera do anjo final.
Onze horas sem uma bolacha que fosse, sem uma palavra que fosse,
com funcionárias administrativas que, perante tanto desespero de familiares e de doentes, riam a bom rir com a última anedota do bairro ou da crónica feminina...
Entrado às dez horas, foi atendido às 4 da tarde, e com pulseira verde.
Sózinho, entregue aos bichos que pululam pelos corredores daquelas urgências, esteve ele...
No mesmo hospital que, em Agosto de 2007, o deixou à espera, durante seis horas, de uma máquina de TAC, pretensamente avariada.
E o acidente vascular cerebral, que veio implacável nesse dia estival, instalou-se, ufano, em toda a sua plenitude já que não encontrou qualquer resistência (leia-se tratamento imediato).
Por isso, não me conformo.
Foi perto daqui.
Em Leiria.
Num Hospital que tem nome de santo mas que de pouco santo tem.
Santo André de sua justiça.
Para que conste.
Porque não tenho medo de quem mais poder tem por poder ter a vida das gentes debaixo do poder da sua mão, da sua (má) grafia e do seu palpite.
Disse.
Em tempo: Dorme bem, meu pai. A esse nunca mais te levo. Desculpa!
2 comentários:
E eu sem saber de nada...nunca mais faças isso. Telefona. Manda SMS..qualquer coisa.
Há momentos em que tenho de me valer a mim próprio.
Sorry!
Só tive pensamento para ele...
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