A todas as crianças (nascidas ou pressentidas, nem que seja à custa de um pontapé com a base toda do pé) que nos fazem suar voz e disponibilidade...
Onde estão elas?
Elas que queriam roubar as gargalhadas de Peter Pan
E misturar as cores no “graffitti” mais corrosivo da cidade...
Elas são um pouco de dia, um tanto de noite,
Que buscam, qual nascente, o poente nos olhos dos pais, nas pupilas do Mundo,
Conheço-as de perto, tão longe de tudo...
São muitas. Nossas. Vossas.
Vestem de luz e dor e algumas cicatrizes
Defronte das águas felizes
Com que se querem limpar das agruras da vida,
A mais indecente de todas as obsessões...
Infantes.
Sem navios para tripular. Sem bússolas.
Com uma ânsia de âncora,
de vento na face, vermelhusca de tanto “esconde-esconde”,
de ternura no prato, servido a toda a hora,
de firmeza na ordem dada...
São contrabandistas de afecto,
Piratas de palmo e meio,
Sem bilhete de identidade vitalício,
Vítimas dos olhos vendados por quem os não quer ver
Sofrem.
Sussurram lamentos.
Lutam.
Semeiam tempestades no canto da noite e
Pontapeiam as esquinas das cidades.
Elas são miniaturas de gente
À procura de uma história maiúscula
Que os leia, enfim, como reis,
Afinal, num mundo de poucos príncipes
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