sexta-feira, 21 de março de 2008

Asco


É o que sinto cada vez que visualizo o vídeo do momento - uma aluna agride uma sua professora que, legitimamente, lhe tenta tirar um telemóvel das mãos em plena aula.
Os colegas incitam à violência, gravam a cena com um outro telemóvel, chamam-lhe "velha", riem-se da sua possível queda e classificam esta cena com um""altamente".

Nestas alturas, dá-me vontade de concordar com o Gui (ver seu comentário a "Adolescência", post de 12/3/2008) e com o Vicente Jorge Silva de outras épocas (geração rasca esta!).

Venham agora os Sás deste mundo tentar justificar o injustificável!

4 comentários:

R. disse...

Justificar o injustificável... qualificar o inqualificável e isolar o fenómeno que se alastra perante a impávida sociedade...
As imagens do momento não são, no entanto, mais que uma amostra do absurdo quadro que está pintado de episódios em que não se dá o lugar aos mais velhos, não se pára para levantar o que caiu, não se responder a quem diz "bom dia", "boa tarde" ou "boa noite"...
Enquanto houver quem ria e encolha os ombros a cenas destas... o caminho só se está a fazer para trás...
O professor tem a autoridade fragilizada porque a têm os pais e a tem a sociedade... todos nós... Porque com uma vontade súbita de nos tornarmos todos uns "fixes"... um destes dias dizer "Pára quieto", "Agora estou eu a falar e portanto tu não interrompes", "Diz bom dia ao Senhor", "Podes sair, mas tens de estar em casa às duas", "Cá em casa há regras para cumprir"... pode traumatizar a criança!
Bendita a hora em que me disseram que não me levantava da mesa sem acabar de jantar, que a senhora professora e os polícias são pessoas boas que nos ajudam e que devemos respeitar sempre, que os avós e os senhores da idade deles têm os ossos já um bocadinho estragados e precisam de estar mais tempo sentados, que em casa dos amigos não se mexe nas coisas que a mamã tenha em cima dos móveis e não se grita e que na escola se está para aprender, para ser grande e saber ler e escrever bem e fazer contas. Brincadeira e diversão? Havia... mais que agora! Disparates? Muuuiiitos... normalmente seguidos de um ralhete!
Isto não foi há muito tempo...
Por isso... haja esperança... e felizes os que ainda podem aprender a ser crianças! Quanto aos outros... perdoai-lhes Senhor... embora eu ache que já sabem o que fazem...

Passiflora Maré disse...

Os tempos são de desrespeito por autoridades, professores e santidades, mas os adolescentes são apenas a face visível da culpa.
Essa vem originariamente mais de cima. De um desrespeito fundamental e terrorista que quer reduzir tudo a números e a estatísticas.

Anónimo disse...

Grande r.
penso o mesmo que ele ou ela.
Parabéns. E para o César que continua a manter esta magnólia tão diversa e colorida.
Gratos lhes fico.
Venho aqui todfos os dias.

Guilherme Salem disse...

Não há, quanto a mim, faces visiveis da culpa. A culpa tem cara. As faces invisiveis da culpa são a justificação para a absolvição dos culpados. A culpa tem cara. E quando não a descobrimos é porque não se revelou ou não a pudemos revelar. A cena é deplorável. A espantosa criatura (denominada adolescente dificil) é merecedora de uma sova colossal que a deixe sem fôlego e sem pernas por 3 meses. Eu, sinceramente, se me fizessem aquilo não sei como reagiria. Acho que espancava a criatura e depois via-me coma justiça que logo me veria como culpado, de face aberta, e sem necessidade de confissão para condenação.
Imaginem a cena num tribunal, com um utente qualquer (nem falo em arguidos ou deliqnuentes...uma testemunha) a agarrar os Mmºs e os Ilustres e Dignos e etc e a dizer-lhes : dáme o telemóvel (ou o que fosse) Já...
Será que aquela espantosa criatura (vulgo adolescente urbana) fala assim com os seres que a geraram, e pariram e alimentam? já que não a educaram como se constata à saciedade.
Curioso mundo este...as autoridades (ainda que não virtuosas, e com as suas, muitas, falahas) são o rosto da culpa dos que prevaricam: Para estes, há sempre algo a adoçar-lhes a boçalidade e a marginalidade.
Viva os Morangos com Açucar...e pré-adolescentes a terem sexo na floresta e com pais e mães que, não sendo nada disso, são "amigos"...mas quem, na sua sanidade mental, tem os pais como "amigos" ? os amigos são outrosa.....pais, são pais...amigos mas não nesse sentido. Não se fala com os progenitores aquilo que discutimos e falamos com amigos noite dentro. Todos têm um lugar...eu nunca vi jovem cujos pais fossem "os melhores amigos" ou "gajos porreiros" a ser um jovem recomendável, saudável ou feliz. Mas, certamente, foi azar meu.
Bem Hajam os jovens e o delicodoce Dr. Sá que, sei lá como, acha sempre que a culpa é dos adultos e que os jovens são sempre bons...está pior que o outro que achava que o homem é sempre bom a sociedade é que o torna mau. Balelas. Está tudo no caracter (que é mais genético do que o que se pensa) e na educação (que muitas vezes não muda o carácter. Quem é perverso, insolente e mau sê-lo-á sempre. Acreditem. De balelas de reinserção e melhoramento (embora as haja bem sucedidas)estou eu farto. Não são regra nem horizonte.