sexta-feira, 7 de março de 2008

Babel (a vermelho suave)

Escreveu Almada Negreiros:

«Há palavras que fazem bater mais depressa o coração – todas as palavras – umas mais que as outras, qualquer mais que todas.
Conforme os lugares e as posições das palavras.
Segundo o lado de onde se ouvem – do lado do Sol ou do lado onde não dá Sol.
Cada palavra é um pedaço de Universo.
Um pedaço que faz falta ao Universo.
Todas as palavras juntas formam o Universo.
As palavras querem estar nos seus lugares!»
Digo eu - desarrumem as palavras, por favor.
E, sobretudo, pintem o azul - um outro nome para o negro que, por vezes, nos vai na alma -
com o lápis vermelho.
Baralhem as tintas,
confundam os tons
misturem as aguarelas.
Nesse caos, encontrareis a ordem das manhãs de Março
Nessa Babel, repousará (impublicável e imperfeito) o poema imprescindível.

2 comentários:

Anónimo disse...

A propósito de desarrumar as palavras veio-me à ideia um belíssimo verso (v. 81) traduzido por Fernando Pessoa e escrito, por Donísio, O Sofista, no séc. I A.C.? que se chama:
A Rapariga das Rosas.

Tu, que trazes as rosas, é rosas o encanto que trazes.
O que é que vendes? a ti? às rosas, ou às rosas e a ti?

Anónimo disse...

Esqueci-me. O último comentário é da D. que brevemente terá nome de flor.