terça-feira, 25 de março de 2008

Desencontros


Que língua estrangeira é esta
que me roça a flor do ouvido,
um vozear sem sentido
que nenhum sentido empresta?
Sussuro de vago tom,
reminiscência de esfinge,
voz que se julga, ou se finge
sentindo, e é apenas som.

Contracenamos por gestos,
por sorrisos, por olhares,
rodeios protocolares,
cumprimentos indigestos,
firmes apertos de mão,
passeios de braço dado,
mas por som articulado,
por palavras, isso não.
Antes morrer atolado
na mais negra solidão.



(António Gedeão)

2 comentários:

Anónimo disse...

C.,
è um oximoro ?
As mãos têm o símbolo do maior dos encontros ...
Bj.
C.

César Paulo Salema disse...

Acertaste, Eva Negra.
Como é bom ver-te atenta!
Com as mãos se faz a paz, se faz a guerra,
com as mãos tudo se faz e se desfaz, não é?