terça-feira, 18 de março de 2008

A ilha das garças




O nevoeiro parecia fumo aceso de um fogo ateado por Deus
A fruta tinha as cores do arco-íris e sabia a mel
A noite caía sobre a baía do Funchal
E as anonas corriam a gargantas vistas
por entre as espetadas (da vida) de batata doce

A garça real piscou-me o olho (poisa ali há 30 anos)
E o jardim (da minha mansarda) violeta, fútil, déspota e anil
afugentou-me os medos e corrigiu-me os afectos:

empurraram-me pelas salgadas levadas,
em cestos de rápida fuga sem eira nem beira,
e toquei o céu escarlate com as mãos aguadas
das noites e dos dias da Madeira

Em tempo:
um beijo de agradecimento à Rita por algumas fotos e pelo cheiro a mar e a gargalhadas