segunda-feira, 19 de maio de 2008

As horas dos dias delas



As horas delas não são iguais às nossas.
O momento de felicidade que Mrs Dalloway sente,
naquele canto nono da sua existência, sabe-lhe à mortalha do poeta suicida que tomba da sua janela, perante os seus olhos viúvos.
Virginia olha-os com piedade - a mesma que ninguém sente por ela.
E a mãe daquele menino, que vai procurar um quarto de hotel para reler as páginas douradas do livro das horas,
molha-se no rio transbordado e nas águas infelizes de um tempo que não lhe quer dar nada, a não ser o mesmo de sempre...
Ainda vamos a tempo de salvar Virgínia das águas...

5 comentários:

Anónimo disse...

Magnífico opus.
Amei.

Anónimo disse...

Na tarde de ontem as horas pareciam dias... foi como se o peso do mundo estivesse sobre as minhas mãos... inteiramente dependente das minhas forças... cada palavra,ainda que cuidadosamente transmitida, poderia ter a virtualidade de deitar tudo a peeder... mas não foi assim... valeu-me uma estrelinha lá dos céus e, por fim, acabou o desespero... espero de ter ido a tempo de a salvar...

Eu

Anónimo disse...

queria dizer «perder» e não «peeder» e «espero ter ido a tempo» e nãp «espero de ter ido a tempo»

Eu

César Paulo Salema disse...

Nunca desesperes, Eu.
Deus está vigilante aos que gastam as suas horas com os outros.
Beijo

Guilherme Salem disse...

As Horas....não sei se é da Virgina, se da Nicole, se da Julianne, se da Meryl...mas de facto há livros que viram filmes e parece que sempre foram filmes, ou que os livros (mesmo quando não havia cinema) foram escritos a pensar nelas e na tela.