terça-feira, 27 de maio de 2008

Negro barco (meu queixume)



De manhã, que medo, que me achasses feia!

Acordei, tremendo, deitada n'areia

Mas logo os teus olhos disseram que não,

E o sol penetrou no meu coração.[Bis]

Vi depois, numa rocha, uma cruz,

E o teu barco negro dançava na luz

Vi teu braço acenando, entre as velas já soltas

Dizem as velhas da praia, que não voltas: São loucas! São loucas!

Eu sei, meu amor,

Que nem chegaste a partir,

Pois tudo, em meu redor,

Me diz qu'estás sempre comigo.[Bis]

No vento que lança areia nos vidros;

Na água que canta, no fogo mortiço;

No calor do leito, nos bancos vazios;

Dentro do meu peito, estás sempre comigo.

(David Mourão-Ferreira)

3 comentários:

R. disse...

Um dos meus preferidos...
Porque às vezes tenho uns medos...
E porque, dentro do meu peito, há quem esteja sempre comigo... sempre!

Anónimo disse...

Amor antigo, não, Maré ?
Se bem me lembro...

Bj.
C. (EN)

Passiflora Maré disse...

É verdade Eva N. amor antigo, amor actual.Toda eu fico a doer, quando oiço isto cantado pela voz da Diva, que arrefece como o menino de sua mãe.