Primeiro de Agosto.
Corpos amarrotados
deitados na lâmpada do tempo,
uns por cima dos outros,
em busca de uma história comum,
de um bronzear de pele pelo sol dos meios-dias...
Buscam a frescura da sombra,
o sagrado oásis verde da dormência,
da pouca que ainda lhes resta.
Sabem-se mais livres,
menos cativos,
mais morenos,
longe da brancura fugidia dos invernos mal amados.
A terra queima.
O ar abafa.
A consciência pesa.
Até ao derradeiro dia de Agosto,
quando os setembros se anunciam
e outros outubros se avizinham,
perto dos novembros enlouquecidos
pela suave luz da penumbra e da tristeza dos outonos.
Apaga-se a lâmpada.
O sol esfuma-se.
O ar refresca.
E os corpos separam-se,
um a um,
esmagados pelo peso da distância que vai de um ao outro,
vergados pela humidade que teima em cair,
quentes demais para serem verdades,
perto dos toques que ficaram por dar,
do muito que ficou por dizer...
2 comentários:
Gostei muito. Do poema e da fotografia, ambos fortes e belos.
Magnifique texte.
Enviar um comentário