quarta-feira, 6 de agosto de 2008

Um Som Puríssimo num Dia de Silêncio.


UM SOM PURÍSSIMO subiu através do silêncio; uma franja
de cor límpida moveu-se no cristal; passou uma luz no fundo dos
olhos que eu amo...
Eram três coisas pequenas e breves: um cântico, um raio de
luz, um olhar...
Por isso comecei por pensar que entravam em mim para aí
ficarem e aí se perderem.
Em vez disso, foram elas que me arrastaram...
Porque tinham sido tão ténues e tão rápidas - o lamento do ar, o cambiante do éter, a expressão da alma - para poderem penetrar mais fundo no meu ser, aí onde as faculdades do Homeme se encontram tão cerradas que formam um só ponto. Pela ponta aguda das três flechas que me desferiu, o próprio Mundo irrompeu em mim, e me arrancou a si...
Pierre Teilhard de Chardin, in Hino do Universo.
NOTA: Impõe-se o silêncio,
neste dia em que se lembra a loucura,
a morte sem compaixão,
o desnorte da humanidade,
a rosa de Hiroshima.


2 comentários:

Elsa C. disse...

Belíssimo!
E o silêncio sobreveio...

Anónimo disse...

Num dia que nos impõe a reflexão sobre os caminhos e descaminhos d(est)a Humanidade, é notável a associação feita ao belo, genuíno e melhor que podemos desfrutar nesta nossa Terra.
Com a solenidade dos momentos singelos, respeitemos os silêncios como acto renovador e reparador.
Que Deus nos ajude a encontrar o caminho do equilíbrio menos instável para que cada ser tenha direito ao mínimo exigível, a viver com dignidade.
As nossas crianças merecem e o planeta também.
Um bom dia para todos.