segunda-feira, 13 de outubro de 2008

As Dunas Onde Estão?


Sonho com dunas mornas e lilases,
que eu ei, que eu sinto para lá da Vida.
Os dedos da memória são tenazes
cravados na minha alma adormecida.

As dunas do meu sonho peristente
não são dunas iguais, mas como descrevê-las?

Imaginem, se podem, pó de estrelas,
flocos de nuvens, colchas de violetas,
as pétalas de todos os rosais,
as asas de milhões de borboletas.
Imaginem, no céu, a lua cheia
tecendo lentamente a sua teia,
desfolhando-se em pássaros, em flores,
e imaginem, depois, o arco-íris
soltando, cor a cor, todas as cores,
e as rendas de neblina, tão suaves
como penugem tépida das aves
que acabam de nascer. Mas tudo isto
são palavras que ferem os ouvidos,
que povoam de nada a solidão.
E tudo mais subtil, mais impreciso,
o meu sonho é silêncio dos sentidos,
é promessa, memória, antevisão.
Mas as dunas, as dunas onde estão?

Fernanda de Castro.

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