domingo, 16 de novembro de 2008

O Império dos Sentidos


O poeta foi um comediante:
ele fingiu tão convictamente
que até Minerva, a das sete partidas do mundo,
descobriu aquilo que ele não era

Fernando,
fosta a pessoa certa na hora absurda

Álvaro,
foste a flor-de-lótus que nasceu nos campos de Aljubarrota

Ricardo,
fosta a juba de leão com os que os reis enfeitavam o reino da Dinamarca

Alberto,
foste a pedra solta que Pierrot lançou à Caixa de Pandora

Penélope foi tua adormecida e vigilante Musa
Apolo, teu guardião de honra
montado num potro branco
que atropelou os sentidos
e correu para o coração, num louco e longo galope...

O poeta é um fotógrafo:
retrata tão fielmente tudo o que vê
que até o Homem, esse bicho incauto e muito estranho,
descobriu (e entendeu)
aquilo que deveria ser e não ser...

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