terça-feira, 16 de dezembro de 2008

Canto Terra



Se eu pudesse trincar a terra toda
E sentir-lhe um paladar,
E se a terra fosse uma cousa para trincar
Seria mais feliz um momento...
Mas eu nem sempre quero ser feliz.
É preciso ser de vez em quando infeliz
Para se poder ser natural...
Nem tudo é dias de sol,
E a chuva, quando falta muito, pede-se,
Por isso tomo a infelicidade com a felicidade
Naturalmente, como quem não estranha
Que haja montanhas e planícies
E que haja rochedos e erva...
O que é preciso é ser-se natural e calmo
Na felicidade ou na infelicidade,
Sentir como quem olha,
pensar como quem anda,
E quando se vai morrer,
lembrar-se de que o dia morre,
E que o poente é belo e é bela a noite que fica...
Assim é e assim seja...

2 comentários:

Anónimo disse...

Nunca são as coisas mais simples que aparecem quando as esperamos.
O que é mais simples, como o amor, ou o mais evidente dos sorrisos,
não se encontra no curso previsível da vida.
Porém, se nos distraímos do calendário,
ou se o acaso dos passos nos empurrou para fora do caminho habitual,
então as coisas são outras.
Nada do que se espera transforma o que somos se não for isso:
um desvio no olhar;
ou a mão que se demora no teu ombro, forçando uma aproximação dos lábios.
Nuno Júdice

Guilherme Salem disse...

Ai se pudesse trincar a terra...