quinta-feira, 4 de dezembro de 2008

Roth - um fantasma que volta sempre à minha cena


Em "O Fantasma Sai de Cena", Roth volta aos temas da velhice e da proximidade da morte, tratados em "O Animal Moribundo".
Como Rip Van Winkle, que regressa à sua cidade natal e encontra tudo mudado, Nathan Zuckerman volta a Nova Iorque, a cidade que abandonou há onze anos.

Sozinho na sua montanha da Nova Inglaterra, Nathan Zuckerman foi exclusivamente escritor: sem vozes, sem jornais nem televisão sem ameaças terroristas, sem mulheres, sem notícias, sem outras ocupações que não fossem trabalhar e enfrentar a velhice.
Percorrendo as ruas como uma alma penada, depressa estabelece três relações que fazem explodir a sua solidão tão cuidadosamente protegida.

Uma é com um jovem casal com o qual, num momento irreflectido, se propõe fazer uma permuta de casas. Eles trocarão a Manhattan do pós 11 de Setembro pelo seu refúgio no interior e ele regressará à vida urbana. Mas a partir do momento em que os conhece, Zuckerman quer também trocar a sua solidão pelo desafio erótico da jovem mulher, Jamie, que o atrai a ponto de o fazer voltar a tudo quanto pensava ter deixado para trás: a intimidade, o jogo vibrante do coração e do corpo.
A segunda relação é com uma figura da juventude de Zuckerman, Amy Bellette, companheira e musa do primeiro herói literário de Zuckerman, E.I. Lonoff. Outrora irresistível, Amy é agora uma velha minada pela doença, guardiã da memória desse escritor americano de nobre austeridade que apontou a Nathan o caminho solitário para uma vocação de escritor.
A terceira relação é com o aspirante a biógrafo de Lonoff, um jovem mastim literário, pronto a fazer e dizer praticamente tudo o que for preciso para chegar ao «grande segredo»de Lonoff. Subitamente envolvido, como nunca desejou ou tencionou voltar a estar, com o amor, a dor, o desejo e o ressentimento, Zuckerman representa um drama interior de possibilidades estimulantes e irresistíveis.

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3 comentários:

AugustoMaio disse...

Comungando do mesmo gosto pela grandeza da escrita de Roth, deixo aqui o apreçopor mais esta boa lembrança.

Guilherme Salem disse...

César: Roth está transformado num cliché neste blogue...nem eu consigo mais ouvir falar do sujeito.
Está quase ao nível da intolerância de um Cristiano Ronaldo (mesmo com bola dourada...onde esteve toda esta euforia no tempo em que o Figo a ganhou...já nem falo do Eusébio pois devíamos andar todos a biberão ou nas primeiras letras).
Pobre Roth...

César Paulo Salema disse...

Gui: Mas ele não tem culpa de ser grande...
É que nem sempre os mais elementares clichés nos aquecem assim a alma...