sábado, 10 de janeiro de 2009

Balada da Neve









Batem leve, levemente,
como quem chama por mim.
Será chuva? Será gente?
Gente não é, certamente
e a chuva não bate assim.
É talvez a ventania:
mas há pouco, há poucochinho,
nem uma agulha bulia
na quieta melancolia
dos pinheiros do caminho...
Quem bate, assim, levemente,
com tão estranha leveza,
que mal se ouve, mal se sente?
Não é chuva, nem é gente,
nem é vento com certeza.
Fui ver. A neve caía
do azul cinzento do céu,
branca e leve, branca e fria...
– Há quanto tempo a não via!
E que saudades, Deus meu!
Olho-a através da vidraça.
Pôs tudo da cor do linho.
Augusto Gil, excerto da Balada da Neve

6 comentários:

Anabela Magalhães disse...

Uma beleza passar por aqui a esta hora tardia sabendo encontrar este blogue branquinho e lindo!
O jardim com eles dizem, está brutal! Parabéns.
:) beijinhos com saudades do Verão

Anabela Magalhães disse...

"como eles dizem"

AugustoMaio disse...

Belo, muito belo.

Anónimo disse...

Que paisagem tão bela!
Não ficaste bloqueada?
Bj.
Ti..

Passiflora Maré disse...

Sim, confesso-lhes que no meu sítio, dada a paisagem envolvente, a altura a que se situa o mesmo, as árvores do jardim, e dos montes, e o modo como a neve aqui pegou me senti verdeiramente previlegiada.
Embora, ubi cómoda ibi incómoda, ainda hoje tenho o acesso a casa commpletamente bloqueado...

Guilherme Salem disse...

Neve... já vi tanta que nada me surpreende. As fotos são lindas.
Mas neve...é lá no meu Nordeste.