




Morte, ladra de amantes, não me leves
O ombro em que de insónias repousava.
Nesse abrigo o amor com dedos leves
Fazia a concha com que me agasalhava.
O doce amigo que os remorsos breves
De minhas culpas, mais abreviava.
Isenta, ó morte, do mais poder que atreves
Em amores que nos dão a estrela d´alva.
De meus caprichos, ficções e fantasia
O firme tronco, a tua foice fria
Que tem no tempo a crua lei, não corte.
Da fútil fama o custo já conheço.
A anónima glória apenas peço.
De roubar com meu pranto o amigo à morte.
De Natália Correia (em homenagem a Alfredo Machado, na sua morte)
Sem comentários:
Enviar um comentário