A lua decepcionou-me
Deixou de me lançar farrapos de prata
e escondeu-se do sol, com vergonha das suas luzes
Um gnomo - aquele que é meu de estimação - prometeu-me um quarto crescente de lua,
perante a míngua de lua que tenho tido
Mas esse quarto nunca me chegou porque a lua não quis nada comigo
Estou de mal com a lua
E ela em falta comigo
Mesmo de dia
mesmo quando a não vejo,
pasmada em cima de espantados arranha-céus
Estou cheio da lua
A partir de hoje, só falo com ela junto do meu advogado -
para que ela, implacável, não me troque as faces
e não me venda crescente por minguante,
cheia por nova
Prefiro as estrelas
apago-as com um sopro se me irritarem
e não me deixam remorsos
Se a virem, a ela, à lua,
digam-lhe, por fineza, que deixei de ter a cabeça nela
e que passei a embalar estrelas,
a enfeitar cassiopeias
e a mimar ursas menores
A lua decepcionou-me.
Mesmo.
Até ao perdão da próxima noite.
2 comentários:
Gostei deste tei texto, Celso.Beijo e boa semana!
Querida Amélia (se assim a posso tratar) não è Celso..é César..e a ele o que é dele.
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