domingo, 18 de outubro de 2009

As sem razões do amor

Eu te amo porque te amo.
Não precisas ser amante,
e nem sempre sabes sê-lo.
Eu te amo porque te amo.
Amor é estado de graça
e com amor não se paga.

Amor é dado de graça,
é semeado no vento,
na cachoeira, no elipse.
Amor foge a dicionários
e a regulamentos vários.

Eu te amo porque não amo
bastante ou demais a mim.
Porque amor não se troca,
não se conjuga nem se ama.
Porque amor é amor a nada,
feliz e forte em si mesmo.

Amor é primo da morte,
e da morte vencedor,
por mais que o matem (e matam)
a cada instante de amor.

Carlos Drummond de Andrade

4 comentários:

Anónimo disse...

Então, boa noite às coisas cá de baixo ( emprestei-me o título do outro, que no Verão também andou nestas coisas).

Hoje li aquela da "boa colheita" e também acho,um ano de muito boa colheita; penas que alguns vinhos, por mais cuidados que se tenha com eles, desvirtuam, sem dó nem piedade ...

Bj.

C.

Diana Interalia disse...

Amor...
A palavra que, para uns, é a da definição indefinida,
para outros da certeza hesitante e
para outros, ainda, a da verdade mentirosa...

Guilherme Salem disse...

Que bela escolha...o Drumond sabia sempre como dizer aquilo que não conseguimos

Anónimo disse...

Amei CP muito bonito