quarta-feira, 4 de novembro de 2009

A paisagem


O horizonte, sobrelinhado com acentos vaporosos,
parece escrito em pequenos caracteres, com tinta
mais ou menos pálida segundo os jogos de luz.
Do que está mais próximo, não usufruo mais
do que como de um quadro,
Do que está ainda mais próximo, do que como
de esculturas, ou arquiteturas,
A seguir, da própria realidade das coisas a meus pés,
como de alimentos, com uma sensação de verdadeira indigestão,
Até que finalmente em meu corpo tudo se engolfa e levanta vôo
pela cabeça, como que por chaminé que
desembocasse em pleno céu.



Francis Ponge



1 comentário:

Guilherme Salem disse...

Cavalo à solta ? bela imagem, belo texto e viva quem o escreveu...e viva tu que o aqui colocaste.
E se publicassemos o poema do Cavalo à Solta do Ary? que tal ? até com o vídeo do Tordo a cantar essa fabulosa e linda canção...dos poemas mais belos que passaram por nós via tv...