quinta-feira, 14 de janeiro de 2010

O meu silêncio pelo Haiti




SEARAS DE TEMPO



20.


Da luz, em dedos leves, pinceladas;
da forma, em esboços breves, os contornos;
do som, em ziguezague, pio e choro e
latidos ao longe, longos laivos
em matizes candentes. Tela e pauta.

No incerto da hora me reclino e
palavra a palavra, em arabescos
deslizo no poema. Canto e calo.
Imprecisa e transparente ficarei
na sugestão de mim, enquanto aqui.

E se alguém me reler, nesse momento
terá que ouvir e ver, também atento,
pelo vidro que sou, o que senti.


* Luísa Freire (n. 1933)

1 comentário:

Anónimo disse...

Maravilhoso, pelo Haiti