George vivia e amava Jim como poucos homens amam outras mulheres. As dos outros. Há 16 anos.
Em dia fatal, aquele que está escrito nos anais da memória e dos presságios, Jim perdeu a vida.
Em dia fatal, aquele que está escrito nos anais da memória e dos presságios, Jim perdeu a vida.
Para nunca mais a encontrar.
Num estúpido acidente, por causa da neve branca que caía em demasia naquela viagem inportuna.
Só avisaram George do ocorrido dois dias depois, um dia antes dos funerais.
Porque ele não era da sua família. Porque a um funeral só pode assistir um ente familiar. Porque a família é tudo. E quase nada.
George foi avisado. E chorou em silêncio, enquanto retirava do congelador o pão que tardava em esquentar.
E correu para a casa de Charlie, outra sobrevivente de corpo inteiro, de copo cheio e de alma vazia, em busca de uma quimera já há muito perdida, por tão poucos achada.
Nesse dia, escolheu não chorar mais.
E foi dar a aula que tinha preparado e que não correu tal como previra - falou de outro homem só, de Huxley e do destino, em frente a estudantes borbulhosos e com penteados à Jimmy Dean.
Escolheu naquele dia não conhecer um outro corpo de homem que o procurou, porque ainda sentia a sombra do futuro que Jim não lhe tinha reservado.
E correu para o mar nocturno, envolto na luxúria da saudade e no espanto de ter um homem - um outro homem só, talvez novo demais, um quase deus - a olhar por si e a esconder-lhe a arma que ele escolhera como bilhete de ingresso na outra vida que conduz à morte.
George não escolhera a morte.
Só avisaram George do ocorrido dois dias depois, um dia antes dos funerais.
Porque ele não era da sua família. Porque a um funeral só pode assistir um ente familiar. Porque a família é tudo. E quase nada.
George foi avisado. E chorou em silêncio, enquanto retirava do congelador o pão que tardava em esquentar.
E correu para a casa de Charlie, outra sobrevivente de corpo inteiro, de copo cheio e de alma vazia, em busca de uma quimera já há muito perdida, por tão poucos achada.
Nesse dia, escolheu não chorar mais.
E foi dar a aula que tinha preparado e que não correu tal como previra - falou de outro homem só, de Huxley e do destino, em frente a estudantes borbulhosos e com penteados à Jimmy Dean.
Escolheu naquele dia não conhecer um outro corpo de homem que o procurou, porque ainda sentia a sombra do futuro que Jim não lhe tinha reservado.
E correu para o mar nocturno, envolto na luxúria da saudade e no espanto de ter um homem - um outro homem só, talvez novo demais, um quase deus - a olhar por si e a esconder-lhe a arma que ele escolhera como bilhete de ingresso na outra vida que conduz à morte.
George não escolhera a morte.
Foi a morte que o escolheu a ele.
E ele esperou-a impaciente e mais sereno do que nunca, pronto para as outras vidas que não escolhera, para os outros amores que não tivera, para a grande noite que o embalava no seu mágico trinar de feitiços e poções...
Foi esta noite em que escolhi ver «A SINGLE MAN» de Tom Ford.
Com Colin Firth e Julianne Moore, até agora o meu filme do ano.
2 comentários:
César,
este é, e muito, um filme do meu agrado. Fantástico texto para uma excelente obra de cinema.
Cumps cinéfilos.
Um filme lindíssimo.
Enviar um comentário