Meu corpo em movimento Minha voz à procura Do seu próprio lamento Meu limão de amargura Meu punhal a crescer; Nós parámos o tempo Não sabemos morrer E nascemos nascemos Do nosso entristecer.
Meu amor meu amor Meu pássaro cinzento A chorar a lonjura Do nosso afastamento.
Meu amor meu amor Meu nó de sofrimento Minha mó de ternura Minha nau de tormento: Este mar não tem cura Este céu não tem ar Nós parámos o vento Não sabemos nadar E morremos morremos Devagar devagar
Agora que o silêncio é um mar sem ondas, E que nele posso navegar sem rumo, Não respondas Às urgentes perguntas Que te fiz. Deixa-me ser feliz Assim, Já tão longe de ti como de mim.
Perde-se a vida a desejá-la tanto. Só soubemos sofrer, enquanto O nosso amor Durou. Mas o tempo passou, Há calmaria... Não perturbes a paz que me foi dada. Ouvir de novo a tua voz seria Matar a sede com água salgada.
As horas pela Alameda Arrastam vestes de seda Vestes de seda sonhada Sob o azular do Luar ... e ouve-se no ar a expirar A expirar mas nunca espira Uma flauta que delira, que é mais a ideia de ouvi-la que ouvi-la tranquila Pelo ar a ondear e a ir Silêncio a tremeluzir
Os dias e as noites passam por mim, pelo caule que me acrescenta, pela corola que me sossega. A flor que sou nunca me cansou. Só a pressa com que me escapo, sem saber para quem cresco sem lembrar de quem me pega sem amaldiçoar quem pela raiz me arrancou sem agradecer a quem, enfim, tardiamente me regou...
6 comentários:
Foi de propósito.
Um anti-post, pois então?!
É um post em que nada se diz - não será a melhor maneira de dizer algo?
CPS
Meu corpo em movimento
Minha voz à procura
Do seu próprio lamento
Meu limão de amargura
Meu punhal a crescer;
Nós parámos o tempo
Não sabemos morrer
E nascemos nascemos
Do nosso entristecer.
Meu amor meu amor
Meu pássaro cinzento
A chorar a lonjura
Do nosso afastamento.
Meu amor meu amor
Meu nó de sofrimento
Minha mó de ternura
Minha nau de tormento:
Este mar não tem cura
Este céu não tem ar
Nós parámos o vento
Não sabemos nadar
E morremos morremos
Devagar devagar
Poema: José Carlos Ary Dos Santos
Agora que o silêncio é um mar sem ondas,
E que nele posso navegar sem rumo,
Não respondas
Às urgentes perguntas
Que te fiz.
Deixa-me ser feliz
Assim,
Já tão longe de ti como de mim.
Perde-se a vida a desejá-la tanto.
Só soubemos sofrer, enquanto
O nosso amor
Durou.
Mas o tempo passou,
Há calmaria...
Não perturbes a paz que me foi dada.
Ouvir de novo a tua voz seria
Matar a sede com água salgada.
Miguel Torga
assim o silêncio fica de oiro.
por causa de vocês
perla
Merci Chloé
As horas pela Alameda
Arrastam vestes de seda
Vestes de seda sonhada
Sob o azular do Luar ...
e ouve-se no ar a expirar
A expirar mas nunca espira
Uma flauta que delira,
que é mais a ideia de ouvi-la
que ouvi-la tranquila
Pelo ar a ondear e a ir
Silêncio a tremeluzir
Fernando Pessoa
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