sexta-feira, 16 de julho de 2010

Nos arredores do poente


Nos arredores do poente,
vi a nascente do dia novo que tresandava a velho,
antes mesmo do quarto minguante
da tarde mais tardia daquelas que eu vivi,
após o lusco-fusco da áurea crescente da brisa quente
que entornou as minhas primaveras,
derramando-as em charcos de inverno e sombra,
junto à raiz quadrada do meu outono...
Foi aí - perto do espanto -
que decidi comprar um relógio que só dá uma hora,
que anda à medida dos meus passos,
que não me troca os dias pelas noites,
nem os junquilhos por madressilvas
e que me torna sempre menino

1 comentário:

Anónimo disse...

Tão belo P.

Nas ...
No relógio vibra o ponteiro
São vinte e quatro horas
No seu relógio ilusório
Cronológico somos.
Embora, imersos nos atrasos
No tic tac infinito, da civilização
Ainda tão incivilizada.

Mas...

também, é, certo que quando estamos todos juntos
parece que os nossos relógios param ..e apesar dos andamentos.. não damos conta do tempo a passar.

É bom pensar nisto ... porque apesar de tão diferentes muitas vezes somos tão iguais

Bem haja
Tenho nome de Flor