terça-feira, 20 de julho de 2010

O silêncio da R.


O silêncio é, definitivamente, das melhores coisas que pode haver. Também pode ser das piores, mas essa sua faceta está mais batida. Do que vos falo é de como o silêncio pode ser a melhor companhia de uma pessoa. Acredito que nem todos apreciem o som do nada, mas... paciência. Falo do som do nada interrompido por uma onda que rebenta, um vento norte e um preguiçar muito lento de quem não está para nada. Dias desse apetecer são dias bem diferentes dos dias de pensar na vida. Quando me ponho a pensar na vida, normalmente fico em casa, sozinha, sentada no chão ou no sofá, com as pernas à chinês. E depois falo alto, para ouvir as minhas próprias conclusões e ver se assim, faladas, repetidas, audíveis, fazem sentido. Às vezes, chego a escrever, a decompor em tópicos os must dos dias, meses ou anos vindouros. E, nos balanços, choro muito e rio muito. Mas sozinha. E em casa. Sossegada. Houve noites em que decidi dançar e dancei. Outras em que decidi acabar com a embalagem de gelado do congelador e... acabei (quando me empenho numa tarefa, sou assim!). Lembro-me de já me ter enroscado numa manta, à varanda, com um café forte e quente a fumegar de uma chávena e um cd de instrumental a soar. As letras não me deixam pensar na vida. Distraio-me. Tenho pena, mas acontece. Isto tudo... para pensar na vida. Coisa toda muito diversa de querer silêncio. Nada mais que isso. Pensar na vida faz barulho. Ideias a buzinarem e a ultrapassarem-se umas às outras dentro da cabeça. O silêncio não se dá com essas andanças. Quer-se só. Numa calmaria que só dá gozo a meia dúzia. E a mim... que há dias em que não há nadinha melhor que não pensar em nada.


Lido no blogue «Por aqui passei eu».


R., põe-te boa, ok?
E não canses as aves do teu silêncio...
Gosto muito de te ler. De te sentir aqui ao lado, como vizinha de ondas bloguistas, numa cantilena de menina mulher, serena e inquieta, rebelde e loquaz...

1 comentário:

R. disse...

Estes mimos... ainda me estragam :)
Beijinhos