terça-feira, 13 de julho de 2010

Transparências


Na selva dos meus órgãos, sobre a qual foi desde sempre a pele o firmamento, ao coração coube o papel de rei da criação.

Ignoro de que peça é todo este meu corpo a encenação perversa, onde se vê o sangue rebentar contra os rochedos.

Do inferno, aonde às vezes o sol vai buscar as chamas, sobre ele impediosamente jorram os projectores.



Luís Miguel Nava
Rebentação
Poesia Completa
1979-1994
Prefácio de
Fernando Pinto do Amaral
Organização e Posfácio de
Gastão Cruz
Publicações D. Quixote
2002

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