Ontem à noite voltei a ter uma epifania.
Vi, pela 1ª vez, O SEGREDO DOS SEUS OLHOS, uma película argentina de 2009.
E rejubilei...
Oscilando entre o presente em que Benjamín recorda e o passado em que procura resolver quem violou e matou uma jovem na sua própria casa, Juan José Campanella constrói um elaborado quebra-cabeças onde a história se desenrola em três tabuleiros simultâneos.
O mistério policial clássico com laivos de film noir, com o investigador no papel do "incorruptível" desencantado metido em cavalarias demasiado altas, desdobra-se ao mesmo tempo no melodrama de amores desencontrados que dá ao filme o seu centro emocional, e nas discretas alusões políticas que lhe dão um aroma simultaneamente histórico e claustrofóbico.
Os acontecimentos de um nível reflectem-se nos outros de modos distintos mas constantes, com Campanella a não fazer mais do que uma adequadíssima gestão dos vários níveis em função do que a história lhe pede e do que o espectador precisa de saber.
A sonata que se vai ouvindo povoa o filme de interrogações e de emoção, o que que vai enriquecendo a trama deste homem e desta mulher em busca de uma revelação - a do crime e dos seus sentimentos.
Porque há perguntas que só se fazem sem verbalizações, há respostas que se encontram sem ser nas palavras solteiras e gastas, logo, enganadoras...
Uma SURPRESA MUITO AGRADÁVEL, justamente galardoada com o OSCAR do Melhor filme estrangeiro do ano que passou.
3 comentários:
"Olvidesé, no piense más, no vale la pena (…) Va a tener mil pasados y ningún futuro" (en "El secreto de sus ojos")AL Lindo
isto é uma obra-prima, mesmo!
Muito bom mesmo.
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