quinta-feira, 3 de fevereiro de 2011

Acredito em Deus e em Javier Bardem


Depois do sucesso de "Amor Cão" (2000), nomeado para o Oscar de melhor filme estrangeiro, o mexicano Alejandro González Iñárritu foi cooptado pela indústria norte-americana.

Fez dois filmes em Hollywood, "21 Gramas" (2003) e "Babel" (2006), também reconhecidos pela Academia e com astros do calibre de Sean Penn, Brad Pitt e Cate Blanchett.

Agora, o cineasta resolveu, em termos, voltar para o mundo subdesenvolvido, mas na Europa. Protagonizado por Javier Bardem, "Biutiful" flagra a periferia de Barcelona, naquele que é o primeiro longa-metragem de Iñárritu sem a colaboração do roteirista e escritor Guillermo Arriaga.

Já não há adjectivos para apelidar o trabalho de Bardem. Este homem é um monstro na arte de representar as angústias de um homem só e doente.

Bardem é Uxbal, pai de dois filhos, divorciado, que ganha dinheiro com empregos, digamos, não-tradicionais. A sua ocupação oficial é explorar a mão-de-obra de imigrantes chineses e africanos em Barcelona, irreconhecível – é como se o diretor tivesse levado o México à Espanha, já que a charmosa metrópole europeia é vista quase que exclusivamente pelas ruas degradadas dos bairros pobres.

Os chineses fabricam produtos falsificados, os africanos vendem no comércio informal.

Além de atravessador, Uxbal corrompe os polícias para fazerem vista grossa na fiscalização.

Uxbal ouve os mortos. Para saciar famílias inconformadas com a perda, ele entra em acção, recupera últimos desejos e desculpas tardias, não raro sendo recompensado por isso e, na mesma proporção, sendo alvo da descrença e raiva dos enlutados.

E vive amando os filhos de quem tem a guarda, morrendo aos poucos de um vil caranguejo que lhe consome as entranhas.

Até sangrar de vez, redime os erros, combate os fantasmas que também vê e sobrevive...

Foi ontem a minha noite tardia.

E amei.


3 comentários:

Anónimo disse...

Realmente, o homem é um colosso. Mistura explosiva de "animalidade", ternura, sedução, sensibilidade e inteligência.
Presentemnte, talvez o meu actor favorito ( a par do Robert, claro...).
Vou tentar ver.
Gratias pelo aviso...
Bj.
C(en)

Anónimo disse...

Acredito em DEUS
Tive de acompanhar um amigo até à sua última morada-

Também ele era uma ternura
já sinto a sua falta
o som da sua viola
a alegria das suas gargalhadas
a sua alegria de viver.

tinha tanto para viver. Só tinha 28 anos .
Mais uma Estrela no Céu .
deixas um vazio enorme meu querido amigo BRUNO.

( fico em silêncio por ti esperando que na minha alma fique sempre a flutuar o som ta tua viola)

Tenho nome de Flor

Anónimo disse...

Espero

Espero sempre por ti o dia inteiro,

Quando na praia sobe, de cinza e oiro,
...
O nevoeiro

E há em todas as coisas o agoiro

De uma fantástica vinda.

Sophia de Mello Breyner