Não sei por que razão o mundo se inquieta
quando estamos sozinhos. Talvez não saiba
que esgotámos os olhos no rigor dos espelhos
e que, por isso, não somos capazes de traçar
um caminho senão para o evitarmos. Na verdade,
se cai a noite, estiolam-se as aventuras entre nós –
o teu silêncio respira longamente, às vezes
paira sobre as dunas do meu corpo a conspirar,
como um tear de nuvens a fiar tempestades
ou um vento salgado a prometer naufrágios;
mas nunca converte o assomo numa história.
Não sei porque se aflige tanto o mundo
se ficamos sozinhos. Talvez ignore
que nós não somos mar de nenhuma praia,
que escolhemos poupar às falésias as cicatrizes
das ondas; e tudo para não aprendermos
o verdadeiro nome das feridas.
MARIA DO ROSÁRIO PEDREIRA, 2008
sábado, 2 de abril de 2011
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2 comentários:
Da solidão, deste lado, tiro o chapéu à escolha final.
Lindo P.
beijinhos Passi.
Eu tiro o chapéu aos dois!
Esperando sempre verdades nos nossos dias...
Tenho nome de Flor
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