sábado, 30 de julho de 2011

O meu pé de limoeiro

quarta-feira, 20 de julho de 2011

segunda-feira, 18 de julho de 2011

Os passos em volta

Era uma vez um pintor que tinha um aquário com um peixe vermelho. Vivia o peixe tranquilamente acompanhado pela sua cor vermelha até que principiou a tornar‑se negro a partir de dentro, um nó preto atrás da cor encarnada. O nó desenvolvia‑se alastrando e tomando conta de todo o peixe. Por fora do aquário o pintor assistia surpreendido ao aparecimento do novo peixe.
O problema do artista era que, obrigado a interromper o quadro onde estava a chegar o vermelho do peixe, não sabia que fazer da cor preta que ele agora lhe ensinava. Os elementos do problema constituíam‑se na observação dos factos e punham‑se por esta ordem: peixe, vermelho, pintor – sendo o vermelho o nexo entre o peixe e o quadro através do pintor. O preto formava a insídia do real e abria um abismo na primitiva fidelidade do pintor.
Ao meditar sobre as razões da mudança exactamente quando assentava na sua fidelidade, o pintor supôs que o peixe, efectuando um número de mágica, mostrava que existia apenas uma lei abrangendo tanto o mundo das coisas como o da imaginação. Era a lei da metamorfose.
Compreendida esta espécie de fidelidade, o artista pintou um peixe amarelo.
 

Herberto Hélder, Os passos em volta, Assírio e Alvim
Foto: Nelson António - http://ipt.olhares.com/data/big/194/1943542.j

domingo, 17 de julho de 2011

rtp/horrores



Quem me dera que esta malta abandonasse a televisão de vez....o JAF ainda deu uma perninha fora, após sic, mas a rtp foi buscar o senhor (depois de o vestir na Maconde) e pô-lo ali...ele adora tudo o que tem a ver com reais (no sentido monárquico...não esqueço as milhentas vezes que disse "beijo real" a propósito do William e Kate) e tudo o que tem a ver com "famosos" (seja isso o que for...pra ele devem ser os jogadores de futebol..sobretudo do real madrid...ate os olhos lhe escapam das orbitas).
O sr. Jose Rodrigues Santos (lamento que o sr. Alemrindo Marques não tenha conseguido despedir este senhor)já chateia e de que maneira. O homem pisca o olho...acho que nem ele sabe porquê...todos nos interrogamos a que propósito ele faz aquilo...faz esgares e elevações de voz e vocalizações estupendas conforme a noticia. Um must a perder e a ganhar em humanização
Podemos sugerir, sendo empresa publica, o despedimento sem mais ? tipo abaixo assinado.

quinta-feira, 14 de julho de 2011

Zero a Matemática

Um Quociente apaixonou-se


Um dia

Doidamente

Por uma Incógnita.



Olhou-a com seu olhar inumerável

E viu-a, do Ápice à Base...

Uma Figura Ímpar;

Olhos rombóides, boca trapezóide,

Corpo ortogonal, seios esferóides.



Fez da sua

Uma vida

Paralela à dela.

Até que se encontraram

No Infinito.



"Quem és tu?" indagou ele

Com ânsia radical.

"Sou a soma do quadrado dos catetos.

Mas pode chamar-me Hipotenusa."



E de falarem descobriram que eram

O que, em aritmética, corresponde

A alma irmãs

Primos-entre-si.



E assim se amaram

Ao quadrado da velocidade da luz.

Numa sexta potenciação

Traçando

Ao sabor do momento

E da paixão

Rectas, curvas, círculos e linhas sinusoidais.



Escandalizaram os ortodoxos

das fórmulas euclidianas

E os exegetas do Universo Finito.



Romperam convenções newtonianas

e pitagóricas.

E, enfim, resolveram casar-se.

Constituir um lar.

Mais que um lar.

Uma Perpendicular.



Convidaram para padrinhos

O Poliedro e a Bissectriz.

E fizeram planos, equações e

diagramas para o futuro

Sonhando com uma felicidade

Integral

E diferencial.



E casaram-se e tiveram

uma secante e três cones

Muito engraçadinhos.

E foram felizes

Até àquele dia

Em que tudo, afinal,

se torna monotonia.



Foi então que surgiu

O Máximo Divisor Comum...

Frequentador de Círculos Concêntricos.

Viciosos.



Ofereceu-lhe, a ela,

Uma Grandeza Absoluta,

E reduziu-a a um Denominador Comum.



Ele, Quociente, percebeu

Que com ela não formava mais Um Todo.

Uma Unidade.

Era o Triângulo,

chamado amoroso.

E desse problema ela era a fracção

Mais ordinária.



Mas foi então que Einstein descobriu a Relatividade.

E tudo que era espúrio passou a ser

Moralidade

Como aliás, em qualquer

Sociedade.

MILLOR FERNANDES

Para sempre

Composição: Carlos Drummond de Andrade
Por que Deus permite
que as mães vão-se embora?
Mãe não tem limite,
é tempo sem hora,
luz que não apaga
quando sopra o vento
e chuva desaba,
veludo escondido
na pele enrugada,
água pura, ar puro,
puro pensamento.
Morrer acontece
com o que é breve e passa
sem deixar vestígio.
Mãe, na sua graça,
é eternidade.
Por que Deus se lembra
- mistério profundo -
de tirá-la um dia?
Fosse eu Rei do Mundo,
baixava uma lei:
Mãe não morre nunca,
mãe ficará sempre
junto de seu filho
e ele, velho embora,
será pequenino
feito grão de milho.

quarta-feira, 13 de julho de 2011

Cesário...


Nas nossas ruas, ao anoitecer,
Há tal soturnidade, há tal melancolia,
Que as sombras, o bulício, o Tejo, a maresia
Despertam-me um desejo absurdo de sofrer


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Eu que sou feio, sólido, leal,
A ti, que és bela, frágil, assustada,
Quero estimar-te, sempre, recatada
Numa existência honesta, de cristal.

Sentado à mesa de um café devasso,
Ao avistar-te, há pouco fraca e loura,
Nesta babel tão velha e corruptora,
Tive tenções de oferecer-te o braço.

E, quando socorrestes um miserável,
Eu, que bebia cálices de absinto,
Mandei ir a garrafa, porque sinto
Que me tornas prestante, bom, sudável.

«Ela aí vem!» disse eu para os demais;
E pus me a olhar, vexado e suspirando,
O teu corpo que pulsa, alegre e brando,
Na frescura dos linhos matinais.

Via-te pela porta envidraçada;
E invejava, - talvez que não o suspeites! -
Esse vestido simples, sem enfeites,
Nessa cintura tenra, imaculada.
...
Soberbo dia! Impunha-me respeito
A limpidez do teu semblante grego;
E uma família, um ninho de sossego,
Desejava beijar o teu peito.

Com elegância e sem ostentação,
Atravessavas branca, esbelta e fina,
Uma chusma de padres de batina,
E de altos funcionários da nação.

«Mas se a atropela o povo turbulento!
Se fosse, por acaso, ali pisada!»
De repente, parastes embaraçada
Ao pé de um numeroso ajuntamento,

E eu, que urdia estes frágeis esbocetos,
Julguei ver, com a vista de poeta,
Um pombinha tímida e quieta
Num bando ameaçador de corvos pretos.

E foi, então que eu, homem varonil,
Quis dedicar-te a minha pobre vida,
A ti, que és ténue, dócil, recolhida,
Eu, que sou hábil, prático, viril.


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E, enorme, nesta massa irregular
De prédios sepulcrais, com dimensões de montes,
A Dor humana busca os amplos horizontes,
E tem marés de fel como um sinistro mar!

terça-feira, 12 de julho de 2011

As novas Galdérias









Vou transcrever o que Mark Simpson disse e retirado do Ipsilon de 17.06.2011.
Aqui vai: "em 2006 Simpson criou um novo neologismo na ponta da lingua "sporno"..(deveríamos traduzi-lo por "desporno" ?)Ele explica: "o sporno é uma intensificação da metrosexualidade, como se tivessemos passado de um filme erótico para um filme pornográfico gay. É uma forma mais assertiva de se ser metrossexual. Publicidade da Armani com CR e DB praticamente nus? Calendários de parede com o rabo dos jogadores franceses de raguebi? A selecção de futebol italiana em boxer nos anúncios da Dolce &Gabbana? Eis o sporno em todo o seu esplendor. Diz Mark Simpson: " o que me parece notável e escandalosamente visivel nas imagens "despornográficas" é a ânsia com que estes heróis desportivos se apresentam como autênticas galdérias.
Admirável mundo...num meio tido como super hetero, as estrelas anseiam por parecer galdérias semi-nuas para fantasia de todos, sem distinção, depilam o corpo inteiro, arranjam as sobracelhas, arranjam o cabelo como Cleopatra, usam bolsas Louis Vuitton, penduram brilhantes nas orelhas, meneiam o corpo por todo o lado, posam em cuecas como se fosse obrigatório, encomendam filhos por milhões (o DB não..vai fazendo-os na inefável mulher que arranjou...única, aliás a aturar o espécimen, equivalente em QI).
Eu...vou rindo porque isto só dá para rir. Que mundo fantástico. O FMI anda a milhas da realidade. Estes são os nossos Messias...a quem nós damos algum dos milhões que ganham e que não têm retorno nem em sandes de chouriço para os pobres. Pobres...e pobre mundo. Por mim...que se F.....assim com letra grande e bem sonora. E desculpem a ousadia de linguagem.

domingo, 10 de julho de 2011

Sra. D. Morte


Esta senhora anda cada vez mais à nossa volta e no nosso meio. O que não deixa de ser natural...a geração dos nossos pais está a ir, com a natureza, e nós estamos na calha para ir a seguir...sim, nós todos que ainda não chegamos aos 50, mas estamos perto, somos a next generation to go...o ciclo da vida não para...entramos no rail que nos transporta ao fim..quantos já ficaram pelo caminho precocemente... mas eu, idiota optimista...acho que ainda temos mais 30 anos, pelo menos, para andar aqui a chatear...
Assim seja e, se não for, who cares ???...já foram tantos antes de tempo. God knows better.

quinta-feira, 7 de julho de 2011

Casa


Amanhã darei a minha última aula no CEJ.
A um grupo de gente maravilhosa que vi crescer em graça e sabedoria, aprendendo as redes da Justiça das Crianças. 
Amanhã deixarei um rasto do que fui este ano para eles - deixarei este recado em tom de filme, o mesmo que exibi em todos estes 9 anos em que tive o privilégio de ali ensinar gente, de partilhar saber e imprimir rigor nesta arte suprema de fazer uma criança mais feliz. Não me venham dizer que esta gente copia, que esta gente erra. mas esperavam gente sem erros? Então não seria gente esta que ali ingressa todos os anos, tentando fazer da nossa Justiça um pouco melhor, um pouco mais veludo, um pouco mais vulcão...


Se me recordarem, que não seja pela boa ou má nota que lhes dei, mas por aquilo que lhes consegui passar, enquanto formador mais velho, juiz mais experiente, que também suou para aprender, que também errou para se fazer mais perfeito, sem nunca chegar a esse ponto de luz chamada perfeição... saio daquela Casa com alguma angústia por me separar dos meus camaradas de docência, verdadeira equipa em prol dos mais «piquenos». 

Já tenho saudades da Rosinha, das Lenas e do irmão Norberto. E da Ana Teresa, co-autora dos grupos C e D. E deles e delas, das funcionárias e funcionários que fazem daquele canto um limoeiro mais fresco. Entreguei-me a esta causa com toda a ternura do Mundo. E sei que todos os auditores me farão ainda corar de orgulho! 
BOA VIAGEM... E fica aqui uma réstia de esperanto, um vaso de púrpura, um fio de oiro fino, uma madeixa de sol maduro... 
Porque há casas que não se deixam, porque há gente que não se aparta...

Zezinha


Uma singela homenagem com a nossa Poeta...
E com a lucidez de quem já viu partir alguém, muito querido, com a mesma maleita.
Um até sempre para a Zezinha.

A Viagem

"Compreendeu que lhe restavam somente alguns momentos. Então virou a cara para o outro lado do abismo. Tentou ver através da escuridão. Mas só se via escuridão. Ela porém pensou: - Do outro lado do abismo está com certeza alguém. E começou a chamar."

Sophia de Mello Breyner Andresen in "Contos Exemplares"

terça-feira, 5 de julho de 2011

Dominique


A ver onde isto acaba.
A história sempre me cheirou mal.
Que o senhor (?) seja de dar palmadas no rabo e fazer avanços indecorosos, não duvido. Fica logo arredado de poder ser algo publicamente relevante. Mas, daí a violar? forçar sexo ? e desde quando as arrumadeiras entram nos quartos com os hóspedes ainda lá dentro ? nunca...pelo menos perguntam antes de entrar se o podem fazer. nenhuma entra por ali dentro como se fosse o seu quintal. Enfim, parece que a madame não era como se pintou. ficam bem um com o outro. DSK um tonto e atrevido, e violador do espaço intimo...mas... violador no sentido de penetração (anal, vaginal ou bocal) violenta ? custa-me a acreditar...estes tontos, nestes lugares...não são tão tontos assim.
Fica a certeza que certas mentiras, neste campo, depressa caiem.
Tudo isto mete um certo nojo e uma certa angustia. Que horror de mundo. Se isto é mentira...onde estamos seguros ? na cova ? fuck all them.

A casa rosa

Uma Casa onde só existe um compartimento – a sala de estar.
Sim, porque é uma Casa para estar, não para fazer coisas ou desempenhar tarefas.
Simplesmente estar, sem mais.
Estar inteiro, estar sempre, estar sem pressas.
Estar e permanecer o tempo que se quiser, o tempo que for preciso, estar com tempo, estar sem tempo, estar a contratempo.
Estar em Casa.

Se quiserem, é vossa!

domingo, 3 de julho de 2011

Mestre




- Mestre, como faço para me tornar um sábio?- Boas escolhas...- Mas como fazer boas escolhas?
-
Experiência - diz o mestre. - E como adquirir experiência, mestre? - Más escolhas...
 

sexta-feira, 1 de julho de 2011

Coisas Boas


Com um cenário de luxo, os The Gift estão a dar um concerto num palco montado no rio Douro frente à ponte Luis I.
Gosto muito dos The Gift, pelo que não posso demorar-me em elogios.
Um cenário único ( convenhamos que a SIC sabe fazê-las) com a Bárbara (boca torta, mágica, linda, intelectual e única a apresentar)e com intervalo para a novela não sei quantos.
Esta gente quando arranja ouro, também arranja maneira de meter merda no meio para estragar a equação.
Viva o Douro e os The Gift. E viva o Porto...tão bonito.

Nesta altura já todos se aperceberam da futilidade e da falta de substância que os idolos possuem. Tudo cai num instante. O Angelico foi cremado ontem...amanhã já ninguém falará dele. Nem as histéricas (mães e filhas) que foram fazer ronha para o funeral. Que foi um evento para o people do Laranjeiro e Almada. Quem não trabalha estava lá.
O pobre do moço merecia melhor. Esta confusão entre realidade e ilusão é desastrosa e assustadora.
Aquelas jovens abaixo dos 16 que ali andavam, amanhã já andam a bajular outro qualquer com um palmo de cara e que fique bem em cuecas ou calção de banho....
Assustadores tempos. Os pobres dos mortos não têm culpa.