quinta-feira, 8 de setembro de 2011

Liberdade


— Liberdade, que estais no céu...
Rezava o padre-nosso que sabia,
A pedir-te, humildemente,
O pio de cada dia.
Mas a tua bondade omnipotente
Nem me ouvia.

— Liberdade, que estais na terra...
E a minha voz crescia
De emoção.
Mas um silêncio triste sepultava
A fé que ressumava
Da oração.

Até que um dia, corajosamente,
Olhei noutro sentido, e pude, deslumbrado,
Saborear, enfim,
O pão da minha fome.
— Liberdade, que estais em mim,
Santificado seja o vosso nome.   

Miguel Torga, in 'Diário XII'

1 comentário:

Anónimo disse...

Livre não sou,que nem a própria vida
mo consente.
Mas a minha aguerrida teimosia.
É quebrar dia a dia
um grilhão da corrente.

Livre não sou, mas quero a liberdade.
Trago-a dentro de mim
como um destino.
E vão lá desdizer o sonho de menino,
Que se afogou e flutua
Entre nenúfares de serenidade
Depois de ter a Lua

Miguel Torga , in ! Cântico do Homem"


Tenho nome de Flor