Lembremos coisas belas no meio de tanta "merda"...
Queixa das almas jovens censuradas
Dão-nos um lírio e um canivete
e uma alma para ir à escola
mais um letreiro que prometeraízes, hastes e corola
que tem a forma de uma cidade
mais um relógio e um calendário
onde não vem a nossa idade
Dão-nos a honra de manequim
para dar corda à nossa ausência.
Dão-nos um prémio de ser assim
sem pecado e sem inocência
Dão-nos um barco e um chapéu
para tirarmos o retrato
Dão-nos bilhetes para o céu
levado à cena num teatro
Penteiam-nos os crâneos ermos
com as cabeleiras das avós
para jamais nos parecermos
connosco quando estamos sós
Dão-nos um bolo que é a história
da nossa historia sem enredo
e não nos soa na memória
outra palavra que o medo
Temos fantasmas tão educados
que adormecemos no seu ombro
somos vazios despovoados
de personagens de assombro
Dão-nos a capa do evangelho
e um pacote de tabaco
dão-nos um pente e um espelho
pra pentearmos um macaco
Dão-nos um cravo preso à cabeça
e uma cabeça presa à cintura
para que o corpo não pareça
a forma da alma que o procura
Dão-nos um esquife feito de ferro
com embutidos de diamante
para organizar já o enterro
do nosso corpo mais adiante
Dão-nos um nome e um jornal
um avião e um violino
mas não nos dão o animal
que espeta os cornos no destino
Dão-nos marujos de papelão
com carimbo no passaporte
por isso a nossa dimensão
não é a vida, nem é a morte
Natália Correia, in "O Nosso Amargo Cancioneiro"
4 comentários:
"A vida me ensinou que as pessoas são amigáveis, se eu sou amável; que as pessoas são tristes, se estou triste; que todos me querem, se eu os quero; que todos são ruins, se eu os odeio; que há rostos sorridentes, se eu lhes sorrio; que há faces amargas, se eu sou amargo; que o mundo está feliz, se eu estou feliz; que as pessoas ficam com raiva quando eu estou com raiva; que as pessoas são gratas, se eu sou grato. A vida é como um espelho: se você sorri para o espelho, ele sorri de volta. A atitude que eu tome perante a vida é a mesma que a vida vai tomar perante mim."
Mahatma Gandhi
De amor nada mais resta que um Outubro.
E quanto mais amada mais desisto....
Não me acorde
Estou morta na quermesse dos teus beijos !
( palavras que e lembro da escrita de Natalia Correia)
Beijinhos GUI um ramo de Jarros
Tenho nome de Flor
Obrigada por nos lembrar esta Senhora e em particular este poema que é uma pedrada no charco. continuaremos a pensar por nós próprios. Resistiremos...
Um abraço a todos e em especial ao Guilherme que leio sempre aqui como um Resistente...
Carmo
E umAbraçoe e beijo ao César que arranjou a apresentação do post....um imenso bem hajas meu querido
Enviar um comentário