quinta-feira, 6 de outubro de 2011

Cheira a Nobel - vem do sol da meia noite

HISTÓRIAS DE MARINHEIROS (1954)



Há dias de inverno sem neve em que o mar é parente

de zonas montanhosas, encolhido sob plumagem cinza,

azul só por um minuto, longas horas com ondas quais pálidos

linces, buscando em vão sustento nas pedras de à beira-mar.



Em dias como estes saem do mar restos de naufrágios em busca

de seus proprietários, sentados no bulício da cidade, e afogadas

tripulações vêm a terra, mais ténues que fumo de cachimbo.



(No Norte andam os verdadeiros linces, com garras afiadas

e olhos sonhadores. No Norte, onde o dia

vive numa mina, de dia e de noite.



Ali, onde o único sobrevivente pode estar

junto ao forno da Aurora Boreal escutando

a música dos mortos de frio).



THOMAS TRANSTROMER - NOBEL DA LITERATURA 2011

2 comentários:

Guilherme Salem disse...

A imagem completa o poema.
Obrigado.

Anónimo disse...

Em perfeita harmonia !
Tenho nome de Flor