domingo, 29 de janeiro de 2012

Quem são os descendentes?


Ontem fui ao cinema.
Sem pipocas ou Coca-Cola.

Em contra-relógio, porque os Oscares já estão aí,escolhemos «The Descendants", realizado por Alexander Payne.
Com o homem, actor, activista do momento.
George Clooney deixa de lado o charme de Danny Ocean, de "Onze Homens e um Segredo" e a dubiedade de Bob Barnes - que lhe deu o Oscar de melhor actor secundário, em 2006, por SYRIANA - para ir a lugares emocionais onde nunca foi, no drama familiar "Os Descendentes". 
Guiado pela mão sensível do director e argumentista - grego de nascença - Alexander Payne, Clooney assume o papel de Matt King, um marido e pai fragilizado, que lhe valeu nova nomeação ao Oscar, uma das cinco a que o filme concorre (além de melhor filme, direcção, montagem e argumento adaptado).
«O cenário no Havaí é apenas um indício enganador de que Clooney, mais uma vez, não teria muito mais a fazer aqui do que exibir os seus invejáveis físico e bronzeado dentro de um figurino praiano, com bermudas e camisas floridas. 
Ele até enverga estas peças e circula pelo litoral paradisíaco, mas ambos formam, na verdade, um contraste vital para os dramas que se abatem sobre a vida de Matt King.
Rico por herança e pelo trabalho de advocacia, Matt notabilizou-se por uma vida económica nos gastos e afectos - aspectos de que se ressentem sua mulher, Elizabeth (Patricia Hastie), e as duas filhas, Alexandra (Shailene Woodley) e Scottie (Amara Miller). 
Toda a ilusão de controle, porém, cede instantaneamente no momento em que Elizabeth entra em coma depois de um acidente de barco e Matt tem de começar a construir um relacionamento com as filhas.
Com o mesmo toque subtil com que construiu filmes anteriores, como "Ruth em Questão" (1996) e SIDEWAYS (2002), o director Payne conduz o seu protagonista num labirinto emocional em que se vê desafiado a crescer. 
O primeiro grande obstáculo é a filha mais velha, Alexandra, um fio desencantado a ponto de se incendiar».
Depois, vem a descoberta da traição da mulher.
O seu amor, a sua dor, a sua alegria, assim lhe chama ele quando dela se despede, no leito da morte, desligadas todas as máquinas que ainda a ligavam à vida...
Não serão eles todos uns descendentes? Não seremos nós nada mais do que descendentes?

O desafio é libertarmo-nos desse peso genético e fazer algo de novo na nossa vida.
Filme intimista, sem deslumbres ou golpes de asa, mas com uma pitada de sinceridade e honestidade que é sempre bom de provar...

2 comentários:

Anónimo disse...

Também fui!
Senti-me sempre interessada na história ... fala-nos da fragilidade da vida, dos enganos e desenganos, dos erros e das verdades, da perda e da força que a dor nos dá ...Gostei muito.
H.

Anónimo disse...

O que me ficou foi as entrelinhas do que vi e as frases inacabadas ao encontro de tantas vidas assim
Tenho nome de Flor