sexta-feira, 9 de março de 2012

fantasmas doces

 

Porque a nossa espera nem sempre alcança o odor dos mortos, esse cheiro vivo que nunca nos deixa, que nos marca para a vida, e no além dela, como perfumes de Abissínia e cascatas da Amazónia. Anseio por os ver e ouvir, em pensamentos e orações, a trazerem-me recados e conselhos, vivendo em mim, como se nunca de mim se tivessem apartado. Sei que não falam comigo, sei que não estão ali quais figuras de medo. Sei apenas que lhes toco quando toco a minha mão, a mesma que os afagou e cuja marca ficou lá. Sei que lhes sinto o verbo, mesmo sem os ouvir. Sinto que nunca os perdi, porque afinal quem de nós faz parte, como se fosse pele e água feliz, não desaparece de um momento para o outro. Venero a memória, a mais indecentes de todas as obsessões, e vivo porque a tenho... Se fosse minha e só minha a opção, também eu viveria sempre com os meus fantasmas doces...
Miss you, granny!

3 comentários:

Anónimo disse...

Mais uma vez nada é por acaso e num dia difícil como o de hoje sinto estas palavras dirigidas a mim. São assim os poetas, escrevem e chegam até uma multidão ... de sentimentos.
Obrigada e parabéns por esse dom de colocar em palavras o que nos vai cá no fundo
carmo

Guilherme Salem disse...

Meu querido...nunca partem...ficam sempre connosco. Eu sei.
Beijo e Abraço Grandes.

Anónimo disse...

Esperam por mim naquele lugar que desconheço mas que quero acreditar ser um lugar de Paz.!
Sei que me protegem e é no olhar amendoado da mãe e nas mãos seguras do pai que conduzo a minha vida .
Porque sei!
Porque sinto!
Que me amam mesmo distantes numa claridade sem nome numa brandura de um lugar onde guardam as memórias de todos nós.
Lágrimas .
Tenho nome de Flor