quinta-feira, 16 de abril de 2020
Lucho (ode a Luís Sepúlveda)
Afinal, é sempre a mesma que nos acaba por matar.
Vem do mesmo lado,
oblíquo como a chuva.
Feita de trevas, cega-nos a vida.
Chamam-lhe Morte, morrida ou matada.
Lembrei-me dela porque hoje morreu um poeta,
nascido nos Andes e nas estepes chilenas,
quando as águias ainda voavam.
Não lhe perguntaram sequer se ia de vontade própria.
Infame esta sina de marcha para outro mundo,
sem o mínimo de contraditório.
Leva, agora, a estrofe da esperança
para, lá em cima, na nuvem nove, fazer o último repto ao demo que o manchou - «calas-me a pele mas não me calas as palavras que nunca te direi».
Partiu como uma gaivota.
E como alguém que, afinal, quer continuar a escrever romances de amor.
Era um gato feliz.
E voou.
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