sábado, 9 de junho de 2018

Brincar de viver

O afecto é um valor jurídico constitucional...

quinta-feira, 19 de abril de 2018

O meu amigo mais velho partiu aos 103 anos


O meu amigo mais velho tinha 103 anos.
Partiu no dia 13. Em paz como sempre viveu.
Seu nome era e é Luís.
Era o companheiro amigo do meu querido avô materno, Joaquim, um dos homens mais sábios que conheci.
Entendiam-se no silêncio. Nas palavras escondidas no coração de cada um.
Saibam que vivi a minha infância entregue a homens e mulheres felizes.
Com estes dois homens, joguei suecas ensolaradas, ouvi histórias de imprudências e de coragem, testemunhei abraços puros.
Não acreditava no Deus que ele nunca sentiu que era seu mas que também era dele.
E filosofava com o meu avô, católico e homem de assumida direita, como se só houvesse acalantos e concórdias nas aparentes discussões.
Chamava-me mini-mestre. Pois o mestre era o amigo Quim!
E dele só encontrei mestrias de carácter e bonomia.
Viveu muito.
Mais do que algum dia imaginou.
Mas percebeu agora que, por vezes, aquele Deus nem sempre chama cedo os que mais ama!
*
O meu silêncio para si, Senhor Gordalina....
O trunfo de espadas fica comigo.
E não esqueça, por favor, de jogar mais uma vez, na nuvem nona, fazendo equipa agora com o avô Joaquim que o esperará à entrada da vinha doce, dizendo:
- Estava a ver que nunca mais chegavas!

sexta-feira, 8 de setembro de 2017

divina comédia

 So many heartbreaks
So little time
Too many tragedies
Too many crimes
Put on your body armor
Prepare your alibis
Cause there is no one else
Gonna put it right



https://youtu.be/FyH6bnt56mU

domingo, 23 de julho de 2017

Bom dia Tóquio...


sexta-feira, 16 de dezembro de 2016

Se me esqueceres...

Se Me Esqueceres
Quero que saibas 
uma coisa. 
Sabes como é: 
se olho 
a lua de cristal, o ramo vermelho 
do lento outono à minha janela, 
se toco 
junto do lume 
a impalpável cinza 
ou o enrugado corpo da lenha, 
tudo me leva para ti, 
como se tudo o que existe, 
aromas, luz, metais, 
fosse pequenos barcos que navegam 
até às tuas ilhas que me esperam. 
Mas agora, 
se pouco a pouco me deixas de amar 
deixarei de te amar pouco a pouco. 
Se de súbito 
me esqueceres 
não me procures, 
porque já te terei esquecido. 
Se julgas que é vasto e louco 
o vento de bandeiras 
que passa pela minha vida 
e te resolves 
a deixar-me na margem 
do coração em que tenho raízes, 
pensa 
que nesse dia, 
a essa hora 
levantarei os braços 
e as minhas raízes sairão 
em busca de outra terra. 
Porém 
se todos os dias, 
a toda a hora, 
te sentes destinada a mim 
com doçura implacável, 
se todos os dias uma flor 
uma flor te sobe aos lábios à minha procura, 
ai meu amor, ai minha amada, 
em mim todo esse fogo se repete, 
em mim nada se apaga nem se esquece, 
o meu amor alimenta-se do teu amor, 
e enquanto viveres estará nos teus braços 
sem sair dos meus. 
Pablo Neruda, in "Poemas de Amor de Pablo Neruda" 

quarta-feira, 2 de novembro de 2016

Meu pai






E se...
ele não tivesse perdido o espanto na voz,
se não me lançasse escolhos nos olhos perdidos no espaço?
E se o autor dos meus dias, afinal, gritasse as minhas noites como se fossem setas enlaçadas pelo farol mais luminoso do povoado?
E se eu não demorasse tanto a sentir a sua falta,
como se as hienas me enfeitiçassem, sem aviso e com uma marca de água tão feliz, mais do que feliz?
E se ele me desse a mão e eu lhe tocasse a alma sem querer,
perto do campanário da minha eterna tristeza de o ver assim tão longe, de tão perto que me toque...
E se ele nunca acabasse de fazer primaveras?
Eu nunca quereria acabar este livro de poemas…
(...)

Partiu para a Eternidade a 27.10.2016
Boa viagem, meu herói...

sábado, 9 de julho de 2016

God bless the child


segunda-feira, 28 de março de 2016

Golias de trazer por casa


Há poucos dias, pude ler num cartaz empunhado por uma criança belga numa manifestação anti-violência doméstica
   “O Mundo é perigoso para viver
  Não por causa daqueles que fazem o mal
  Mas por causa daqueles que assistem,
  testemunham e deixam FAZER”


Que estes Golias de trazer por casa desapareçam no dealbar de uma nova consciência civilizacional e que a luta pela paz destas mulheres nunca nos faça vacilar.

terça-feira, 22 de dezembro de 2015

Ao vosso dispor...sempre em discurso aberto e dinâmico, à espera de soluções doutrinárias e jurisprudenciais que iluminem o nosso caminho!

AS LEIS DAS CRIANÇAS E JOVENS
REFORMA DE 2015

http://www.cej.mj.pt/cej/recursos/ebooks/familia/eb_As_Leis_Criancas_Jovens_Reforma_2015.pdf

segunda-feira, 7 de dezembro de 2015

de ti

As flores nascem do breu.
O breu nasce da seiva.
O verde, esse, vem de ti...

quinta-feira, 16 de julho de 2015

MEMÓRIAS MINHAS


quarta-feira, 22 de abril de 2015

E já que se falou em ébano...aqui vai uma foto.
E a pensar nas centenas, milhares, que morrem e que tentam cruzar a fronteira entre o horror e a (mesmo que aparente) boa vida europeia. Que sempre será um oásis comparada com a barbárie donde fogem.
Esta realidade constrange-me e deixa-me mudo. Um verdadeiro horror humano. Tomara abrir os braços e receber todos quantos nos buscam.
Há pessoas que devem ser respeitadas e lembradas....sempre.
O meu regresso, hoje, tem um nome....Mariano Gago.
Fiquem bem.

segunda-feira, 23 de março de 2015

Marfim e ébano



Preto ou Branco, era a questão!
...
No dia em que Rose Parks, costureira negra de meia-idade, foi impedida de se sentar no primeiro lugar vago de um autocarro branco quase vazio, alguém gritou, sem ter tempo para falar: "Black is beautiful"
No dia em que dois negros se matricularam na Universidade de Alabama, um país tremeu nos seus frágeis e brancos alicerces espirituais.
No dia em a Ku Klux Klan reviveu um antigo terror, as forças do poder calaram seus tambores e falaram em neutralidade.
...
Houve reis que nunca usaram tiaras e que, em vez de trono, sentaram-se em púlpitos, decretando para o seu moreno povo as medidas de emergência que urgia tomar.
Porque será que ficou escrito que o Rei-Pastor - David - haveria de morrer?
...
Preto e Branco, para quê a questão?


sexta-feira, 20 de fevereiro de 2015

iNTERMEZZO

o mundo desaba.
a gripe desaba-me.
a magnólia descansa.
até regressar em flor.

segunda-feira, 29 de dezembro de 2014

Em terra firme

Que terra é esta?
Que doido feiticeiro deixa nos montes soalheiros, 
oliveiras, vinhas e sobreiros,
nos vales espalha, prazenteiro, o frio nevoeiro,
Mas dá as gentes que deles sobem a visão divina do dia verdadeiro?
 
(Foto e texto de MAP)

terça-feira, 23 de dezembro de 2014

Quase Natal

“entre mim e o meu silêncio há gritos de cores estrondosas
e magias recortadas dos sonhos que acontecem naturalmente.
eu sou a cama onde me deito, todas as noites diferente,
eu sou o sorriso estridente dos pássaros no céu todo,
eu sou o mar, o oceano velho a abrir a boca numa
gruta que assusta as crianças e os homens que conhecem o mundo.
eu sou o que não devia ser e rio, rio,
rio, porque sou puro, porque sou um pouco de alegria,
(…)
porque minha é esta esperança e esta vontade
de nascer em cada manhã, em cada rosto, em cada
fósforo acesso, em cada estrela. rio, rio, rio, porque meu
é o amor e o luto e a fome e todas as coisas
que fazem esta vida que não entendo e persigo.
eu sou um homem vivo a sentir cada pedra,
eu sou um homem vivo a sentir cada montanha,
eu sou um homem vivo a sentir cada grão de areia.
desordenadamente, eu sou alguém que é eu sem o saber,
entre mim e o meu silêncio há um desentendimento
esculpido nas flores e nas nuvens, rio, rio, rio,
eu sou a vida e o sol a iluminar-me.”

José Luís Peixoto, A Criança em Ruínas