domingo, 9 de março de 2008

A casa do jardim


Veio-me uma saudade com sabor a noite e pela casa ondulou preguiçoso o cheiro do pinhal.
Sentei-me à secretária e resolvi escrever-te.
A casa está plantada num rochedo, no cimo de um monte.
Parte das árvores que a rodeiam estão com as raízes no Rio.
Do outro lado as montanhas ondulam até os seus picos, ao longe, tocarem o céu.
A casa tem a forma de um navio, em dias de nevoeiro balouça-se sobre o abismo e no seu interior cheira a maresia.
Nesses dias lembram-se viagens por mares longínquos e tragédias com fins ambicionados.
No Verão o jardim cheira a flor de limoeiro e as "caneleiras" informam o visitante das viagens que a casa empreendeu.
Os cucos vêm em Março e ouvem-se todos os dias até ao mês de Junho.
Os pardais vêm comer nas macieiras e as crianças crescem descalças no jardim.
Nela o único luxo é o espaço, que espera pacientemente as coisas desconhecidas que a hão-de encher.
O tempo passa por ela devagar visto que é nova.
E por ela perpassa um frio angustiante dos dias desconhecidos que a esperam.
O timoneiro sou eu. Uma mulher que deseja a tua chegada.
Se viesses podíamos ver as estrelas até de manhã e falar da cor do luar nas folhas prateadas dos carvalhos.
Talvez nos deitássemos sobre a relva e desejássemos fazer outra vez os filhos que já temos.

5 comentários:

César Paulo Salema disse...

P.
A casa da tua espera vai mudando como o nosso humor - todos os dias...

César Paulo Salema disse...

Ele chegou a chegar?
Gostava de saber.
Irrita-me não saber o fim das histórias, mesmo aquelas que não me pertencem...

Guilherme Salem disse...

César...tyens que deixar de p+rocurar sempre um fim para uma história....porque algumas não têm fim...devias saber isso (Never Ending Story).

Anónimo disse...

Sim ele chegou e chegamos a fazer outro filho.
Da D. que tem nome de flor.

Anónimo disse...

Logo pela manhã esqeci-me de vos dizer que Ele só esteve ausente num país do longínquo Norte por 4 dias.
Mas ele há urgências que não podem esperar tamanha ausência.
D.