quarta-feira, 12 de março de 2008

O lobo e o cordeiro




Uma razão nunca pode ser um vento capaz de correr em todas as direcções.
Os prevaricadores gostam de usar razões desta natureza.
E se com elas não convencem, então, partem para o uso da força.
Nós, Magos das Regras, tentamos conhecer os limites das razões e dos argumentos e, por vezes, tendo-os não os usamos porque dizemos: Este argumento é um pau de dois bicos.
A propósito de uma "reunião" como "Maga de Regras" que tive ontem e a propósito do "político" e do "social" actual, lembrei-me de um exemplo clássico de pseudo-retória de prevaricação.

Um lobo e um cordeiro, movidos pela sede, dirigiram-se ao mesmo riacho.
O lobo parou ao alto, o cordeiro muito mais abaixo. Então, o velhaco do lobo, invadido por uma desenfreada gulodice, procurou um pretexto para entrar em litígio.
-Por que é que - disse - turvas a água que eu estou a beber? - Cheio de temor, o cordeiro respondeu-lhe: - Desculpa, mas como é que eu posso turvá-la? A água que eu bebo passa primeiro por ti.
E aquele, vencido pela evidência do facto, disse:- há seis meses disseste mal de mim. E o cordeiro replicou: - Mas há seis meses ainda nem sequer tinha nascido.
- Por Hércules, então foi o teu pai que disse mal de mim - disse o lobo.
E saltou de repente para cima do cordeiro, despedaçando-o e matando-o injustamente.
Esta fábula foi escrita para aqueles homens que oprimem os inocentes com falsos pretextos.
Citando Fedro, escreveu Umberto Eco, no seu livro "A Passo de Caranguejo", Ed. DIFEL.

1 comentário:

Guilherme Salem disse...

E assim as regras vão morrendo.