«Longa e penosa foi, no entanto, a sua agonia. Esquecera o francês; o capelão, que se gabava de saber algumas palavras de espanhol e um pouco de italiano dos livros, vinha ás vezes exortá-la numa dessas duas línguas. Mas a moribunda só a custo o escutava e entendia. Se bem que já não visse, o padre continuava a mostrar-lhe um crucifixo. Perto do fim, o rosto marcado de Anna desanuviou-se; baixou devagarinho as pálpebras. Ouviram-na murmurar: Mi amado....
Julgaram que falava com Deus. Talvez falasse com Deus.»
Da novela "Anna Soror..." in "Como a água que corre" de Marguerite Yourcenar.
E sobre um amor incestuoso do século XVI.
2 comentários:
Como sabes Jonnas este e os contos orientais são os meus livros preferidos da grande Margueritte Yourcenar.
È que a língua Francesa produziu outra Marguerite (desta vez com um só T) e dessa segunda que eu adoro eu li na minha juventude treze livros. Trata-se da "Duras".
O César também a devorava.
E eu...tenho tudo da "Duras", embora entre uma e outra, a ter que escolher, ficava com a Yourcenar. Mas da Duras falarei um dia...tenho andado arredado....problemas de vária ordem. Espero regressar, com regularidade, brevemente. Beijos Maré e Obrigado.
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