sexta-feira, 11 de abril de 2008

Cindy


Hoje vi jovens rebeldes confinados nos locais onde o Estado os guarda e reeduca.
O mundo pertence-lhes.
Aquela é a sua raiva por viverem num mundo que lhes promete um banquete de fartura mas que os põe a pão e laranjas...
Em nome deles, em homenagem a estes bravos do pelotão (relativamente aos quais há que fazer um esforço para dar um sentido à sua transgressão), deixo-vos a história reescrita da nossa doce Cinderela, ao jeito deles.

Não a escreveram (pois todos eles já deixaram de acreditar em fadas) mas poderiam tê-lo escrito assim:

Há bué da time, havia uma garina cujo cota já tinha esticado o pernil e que vivia com a chunga da madrasta e as melgas das filhas dela.
A Cinderela (Cindy p'ós amigos), parecia que vivia na prisa, sem tempo para sequer enviar uns mails.
Com este desatino todo, só lhe apetecia dar de frosques, porque a madrasta fazia-lhe bué da cenas.
É então que a Cindy fica a saber da alta desbunda que ia acontecer: Uma rave!!!
A gaja curtiu tótil a ideia, mas as outras chavalas cortaram-lhe as bases. Ela ficou completamente passadunte, mas depois de andar à toa durante um coche, apareceu-lhe uma fada baril que lhe abichou uma farda baita bacana, ela ficou a parecer uma g'anda febra. Só que ela só se podia afiambrar da cena até ao bater das 12.
Tás a ver, meu?
A tipa mordeu o esquema e foi para a borga sempre a bombar. Ao entrar na party topou um mano cheio da papel, que era bom como milho e que também a galou logo ali. Aí a Cindy, passou-se dos carretos, desbundaram "ól naite long", até que ao ouvir as 12, ela teve de se axandrar e bazou.
O mitra ficou completamente abardinado quando ela deu de frosques e foi atrás dela, mas só encontrou pelo caminho o chanato da dama.
No dia seguinte, com uma alta fezada, meteu-se nos calcantes e foi à procura de um chispe que entrasse no chanato. Como era um ganda cromo, teve uma vaca descomunal e encontrou a maluca, para grande desatino das outras fatelas que ficaram a anhar.
Fim: Tá-se bem.

13 comentários:

R. disse...

Eu não acredito! O ano passado participei numa peça com este texto na festa de natal dos miúdos da escolinha da mamã...

Anabela e Madalena disse...

Os meus filhos, com 16 e 18 anos, respectivamente, utilizam muito este tipo de vocabulário. Este conto da cinderela está com muito humor... um beijinho da eterna Amiga. PS - Espero que os doentinhos estejam melhores...

Guilherme Salem disse...

Ora pois. Não posso dizer que aprovo. Mas está muito bem escrito na linguagem (?) da "jubentude". Pobre Conderela...ao que chegou...

Anónimo disse...

Em homenagem àqueles jovens apetece-me dizer:«Ganda Cindy!»

Eu

Guilherme Salem disse...

Conderela ? lá vai mais um lapso de teclado...coitada da Cinderela transformei-a na inventora do Canderel

Anónimo disse...

Não conhecia esta versão e adorei e arquivei...
Quanto ao "desconforto" dos rebeldes, não preciso aquivar...ele sussurra-me diária e permanentemente, deixando-me um travo de frustração com esta triste sina que temos de os ter que "formatar"...
Acho que têm direito a todas as Cindys do mundo e invejo-lhes a coragem da transgressão...

Anónimo disse...

Bem, aproveito para "titular" o anterior comentário (o anónimo puro e bruto faz-me confusão, que certamente Freud explicaria ) e para pedir desculpa pelos "deslizes" de teclado que uma vez por outra teimam em aparecer nos meus comentários...
tenho esperança que o Acordo os deixe sem significado..
Bj.
C.(EN)

César Paulo Salema disse...

Mádá: vou resistindo...
bj

Guilherme Salem disse...

C. (EN) deixa o Freud descansar na tumba ( e que Deus o tenha muito tempo sem nós). Os deslizes do teclado são uma delicia.
Bj.

Passiflora Maré disse...

Não conhecia. Ri e chorei ao mesmo tempo.
Mas César vê o meu comentário ao teu último post.
Estarei a ser indelicada?

Passiflora Maré disse...

Não conhecia. Ri e chorei ao mesmo tempo.
Mas César vê o meu comentário ao teu último post.
Estarei a ser indelicada?

Passiflora Maré disse...

Não conhecia. Ri e chorei ao mesmo tempo.
Mas César vê o meu comentário ao teu último post.
Estarei a ser indelicada?

Anónimo disse...

Quem me dera poder acompanhá-lo nessa cruzada, nunca pensei tanto tanto nisso como hoje. Fantástico.