«Deslumbrante e tremendo quão velozmente me mataria o amanhecer,
Se eu não pudesse, agora e sempre, oferecer ao mundo o amanhecer de mim.
Nós também nos elevamos deslumbrantes e tremendos como o sol,
Descobrimos o nosso próprio Ser, ó alma minha, no meio da calma e da
frescura do dia que vem.
A minha voz persegue o que os meus olhos não alcançam,
Com a minha língua rodeio mundos e mundos.
O meu discurso é gémeo da minha visão, incapaz de se medir a si próprio,
Provoca-me sempre, e sarcasticamente diz:
Walt, se conténs tanto, porque é que então não lhe dás saída?
Vem agora que não me deixarei atormentar, tu acreditas demasiado na
articulação,
Não sabes, ó discurso como se juntam os rebentos debaixo de ti?
Aguardando na penumbra, protegido pela geada,
O húmus cede aos meus gritos proféticos,
Eu fundamento as causas e equilibro-as por fim,
O meu saber são as minhas partes vivas, ele está em harmonia com o sentido
de todas as coisas,
A felicidade (que todos aqueles que me ouvem, homens e mulheres, vão hoje
mesmo procurá-la).
Recuso-me a revelar e meu mérito supremo, recuso-me a extrair de mim o
que realmente sou,
Rodeia os mundos, mas nunca tentes rodear-me,
Reclamo o melhor de ti, o mais delicado, olhando-te simplesmente.
Escrever e falar não me põem à prova,
No rosto levo a prova decisiva e tudo o resto,
Com um simples murmúrio dos meus lábios desconcerto em absoluto todos
os cépticos.»
Walt Whitman "Canto de Mim Mesmo", Canto xxv
7 comentários:
pm, acho que deves rever o alinhamento do texto.
aparece no ecrã, ao estilo de antónio lobo antunes, o que torna dificil ler o poema.
Escrevi-o exactamente como está no livro. Fui fiel à edição.
não conhecia o poema e também não conheço nada do poeta, apesar de ter sido citado muitas vezes no filme o clube dos poetas mortos e saber que é um dos maiores poetas americanos, ou mesmo o maior.
não duvido que o escreveste como o original, mas no ecrã não aparece como o escreveste.
se carregares, aqui ao lado no mostrar mensagem original, o texto é diferente do que está no ecrã... e mais fácil de ler.
Uma beijola
WALT WHITMAN, ouvi-o pela primeira vez citado num filme dos anos 60 ou 70 com dois actores muito belos que "os deuses favoreceram com a morte na juventude", penso que intitulado em português "o Esplendor na Relva", gostei tanto dele que andei à sua procura anos em todas as livrarias, até que finalmente o encontrei. Só um livro.
Para os Ameicanos este livro e o poeta são Bíblias.
O César que é o cinéfilo e tu próprio, pelo que tenho lido, sabem disso (do cinema) melhor do que eu.
Penso que o canto que era citado no filme "O esplendor na relva" era o canto VI do mesmo livro, que começa assim. " Uma criança perguntou O que é a erva? trazendo-ma nas suas mãos cheias;
Como poderia responder-lhe? eu que não sei mais do que ela."
(...)
E continua com Whitman e tentar arranjar uma explicação profunda e poética para a pergunta "o que é a erva?
É cannabis
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