Meu coração é um portico partido
Dando excessivamente sobre o mar.
Vejo em minha alma as velas vãs passar
E cada vela passa num sentido.
Um soslaio de sombras e ruido
Na transparente solidão do ar
Evoca estrellas sobre a noite estar
Em affastados ceus o portico ido...
E em palmares de Antilhas entrevistas
Atravez de, com mãos eis apartados
Os sonhos, cortinados de amethystas,
Imperfeito o sabor compensando
O grande espaço entre os tropheus alçados
Ao centro do triumpho em ruído e bando...
(Extraído de poemas esotéricos de Fernando Pessoa,
no original de 12.02.1915, e que estava na posse de João Gaspar Simões)
In "Mensagem - Poemas Esotéricos" numa edição critica coordenada por
José Augusto Seabra, da Fundação Eng. A. Almeida)
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